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40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

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NEGÓCIOS E AVENTURAS<br />

Na retirada do bimotor CASMUNIZ lá do local da pane, a primeira <strong>no</strong>ite per<strong>no</strong>itei <strong>no</strong> avião. No dia<br />

seguinte chegaram <strong>de</strong> Registro meu irmão Bertelinho e mais dois amigos, o popular Bié e o Bastião. O<br />

Bié era pau para toda obra, e o Bastião, cozinheiro. O local em que o avião estava não tinha acesso para<br />

viatura <strong>de</strong> jeito nenhum. Tinha um riacho que precisava ser transposto. A primeira coisa a ser feita foi<br />

<strong>de</strong>smontar o avião. Nomeio do mato não foi fácil.<br />

Dois dias se passaram, <strong>de</strong>pois precisávamos transpor o riacho por <strong>de</strong>ntro da água com as peças nas<br />

costas. A fuselagem e a sessão central das asas foram arrastadas com bois. Transposto tudo do outro lado<br />

do riacho, arranjamos um jipão que tem tração em todas as rodas, carregamos tudo <strong>no</strong> jipão e saímos pelo<br />

meio do mato. Em <strong>de</strong>terminado lugar saímos <strong>no</strong> corredor <strong>de</strong> um bananal, on<strong>de</strong> o jipão não cabia. Fui<br />

procurar o do<strong>no</strong> das bananas e pedir permissão para cortar uma porção <strong>de</strong> pés <strong>de</strong> bananeira para o jipão<br />

passar com o avião em cima. O proprietário das bananas relutou um pouco mas acabou dando a or<strong>de</strong>m.<br />

Cortamos as bananas e o “enterro” continuou. Nessa altura já fazia uma semana que nós estávamos <strong>no</strong><br />

mato, com a mesma roupa, dormindo mal, sei lá como. O banho foi lá <strong>no</strong> riacho, com roupa e tudo, com<br />

peça do avião nas costas. O amigo Bastião se virava fazendo comida. Cozinhava banana <strong>de</strong> todo jeito.<br />

Afinal nós chegamos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itariri. Naquele tempo não havia ainda a estrada da banana, só<br />

tinha estradinha municipal. Em Itariri transferimos a carga do jipão para outro caminhão que iria para<br />

São Paulo. Transferida a carga, partimos. Logo adiante a estrada iria passar por <strong>de</strong>ntro do Rio Itariri. O<br />

rio estava cheio, tinha chovido muito, não dava <strong>de</strong> jeito nenhum passar por <strong>de</strong>ntro do rio. Aí alguém<br />

lembrou da ponte da estrada <strong>de</strong> ferro e nós fomos para da dita cuja. Forramos a mesma com tábuas e<br />

enfiamos o caminhão na ponte. A ponte era <strong>de</strong> arco metálico, a sessão central das asas <strong>no</strong>s dois primeiros<br />

pilares passou raspando e <strong>no</strong> pilar seguinte arrancou a pintura do mesmo. O outro pilar passou na marra,<br />

a ponte era meio cônica e ia estreitando, coisa que a gente não sabia e <strong>no</strong>s pilares seguintes a sessão<br />

central não cabia mais. Tentamos dar marcha ré com o caminhão, que <strong>de</strong>salinhou <strong>de</strong> cima da ponte, não<br />

ia nem para a frente nem para trás. Naquela situação vem correndo um funcionário da estrada <strong>de</strong> ferro e<br />

diz apavorado, “o trem vem vindo”. E vinha mesmo, já se escutava o barulho <strong>de</strong>le. Saí correndo a pé por<br />

cima dos trilhos <strong>de</strong> encontro com o trem, para tentar dar sinal para o maquinista a fim <strong>de</strong> parar o trem.<br />

Uns quinhentos metros e encontro o trem, tiro a camisa e fico pulando em frente do trem, com a camisa<br />

na mão. O trem se aproxima, saí da frente senão passava por cima, saí <strong>de</strong> lado vi a cara do maquinista<br />

que me olhava como se tivesse visto um débil mental fazendo aquilo sobre os trilhos. Aliás, <strong>de</strong>veria ter<br />

razão para pensar assim, pois já fazia mais <strong>de</strong> 10 dias que eu estava <strong>no</strong> meio do mato, sem trocar roupas,<br />

barbudo e a camisa com que eu gesticulava parecia um trapo sujo, mas na última hora resolveu fazer frear<br />

o trem, que foi parar em cima da ponte, frente a frente com o caminhão que estava com o avião em cima.<br />

Aí com uma porção e gente conseguimos tirar <strong>de</strong> ré o caminhão para o trem passar. Estamos <strong>de</strong> volta em<br />

Itariri, pela ponte do trem vimos que não dá, vamos outra vez pela estradinha municipal. O rio outra vez,<br />

agora estava mais cheio, atravessei o dito a ando, fui num sítio ali perto que me informaram haver um<br />

trator. No sítio falei com o seu proprietário, expliquei a situação e com um cabo <strong>de</strong> aço comprido fomos<br />

para o rio com o trator e com o cabo <strong>de</strong> aço. Atravessei o rio a ando outra vez, levando a ponta do cabo.<br />

O trator do outro lado rebocou o caminhão por <strong>de</strong>ntro do rio, com o avião em cima. Dali para a frente a<br />

estrada era ruim mas não teve mais obstáculos. Logo chegamos na Rodovia BR-116 e fomos parar em<br />

São Paulo sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s.

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