1954 – REGISTRO Saída <strong>de</strong> São Paulo às 10 horas da manhã, com 2 passageiros, um japonês e outro um advogado. O <strong>no</strong>me do japonês só po<strong>de</strong>ria dar azar, chamava-se Kagado. O japonês estava doente, numa lona que dava dó. Tudo checado e sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>, ataco todo o motor, <strong>de</strong>colagem <strong>no</strong>rmal, comando o trem em cima, enquanto o trem estava subindo acerto o passo da hélice e as polegadas, 22, quando o trem acabou <strong>de</strong> guardar, o motor <strong>de</strong>u um valentíssimo tranco e parou <strong>de</strong> vez, eu <strong>de</strong>veria estar <strong>no</strong> máximo uns 20 metros <strong>de</strong> altura. Pra trás nunca, na frente era o Rio Ribeira, se for <strong>no</strong> rio o japonês morre afogado. Em cima do barranco do rio, uma rocinha, vou nela. A roça é muito pequena, na frente umas árvores bem grossas, a velocida<strong>de</strong> é gran<strong>de</strong> mas não tenho mais o que fazer a não ser apertar o avião <strong>no</strong> chão da roça para não bater nas árvores na frente e a roça era cheia <strong>de</strong> tocos. O Bonanza tocou o chão, a asa direita bateu num toco o nariz virou para a esquerda, outro toco pega o centro da fuselagem rasgando a mesma até a cauda. O avião parou, saltou fora o passageiro que estava do meu lado,saltei também, gritei para o japonês sair daí, que vai pegar fogo. Até o japonês vencer a inércia e sir foi duro, ninguém fez nada, não tivemos nenhum arranha. Estou até contemplando aquele quadro triste. O Bonanza praticamente liquidado. Escuto um barulho, olho <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem, um carro vem pelo meio do mato é o meu carro, não havia estrada vinha pelo meio do mato tendo entalado nas árvores, corri lá, era minha filha Wilma, que <strong>de</strong> casa estava apreciando a <strong>de</strong>colagem e escutou quando o motor do Bonanza parou. Ela não sabia guiar nunca tinha guiado o MERCURI, mas não teve dúvidas, viu quando o Bonanza sumiu <strong>no</strong> mato, sabia que podia ser coisa grave, Passado o susto fui verificar o que tinha acontecido com o motor, tinha partido uma biela e a mesma entrou <strong>de</strong>ntro do Carter com o pistão, o motor não se aproveitou nada, tinha quebrado tudo. Avisei a 4ª Zona Aérea para fazer o inquérito, <strong>no</strong> dia seguinte aparece um avião militar BT-15, aterra, <strong>de</strong>sce o tenente tinha ares <strong>de</strong> importante, pareceu-me muito mais importante do que o Ministro da Aeronáutica. Com aquela importância toda, fomos até o Bonanza lá <strong>no</strong> mato. Tirou fotografias <strong>de</strong> todos os lados, mediu, esticou, encolheu, Acabado tosa aquela coisa, que era muito mais fácil ele ter perguntado como foi, do que ter feito toda aquela baboseira, que não levaria a resultado nenhum, ainda não satisfeito do que já tinha feito, sempre com ares <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, importância, voltamos para o hangar, para fazer ficha pessoal. Perguntou-me então quantas horas <strong>de</strong> vôo tive antes do aci<strong>de</strong>nte. Peguei a ca<strong>de</strong>rneta do avião e mostrei a ele 5 horas e <strong>40</strong> minutos, ele a<strong>no</strong>tou na ficha, quantas horas <strong>de</strong> vôo 30 dias antes, consulto a ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo, 176 horas, ele parou <strong>de</strong> escrever por alguns instantes e <strong>de</strong>pois a<strong>no</strong>tou na ficha as horas dos trinta dias, quantas horas <strong>no</strong> tipo <strong>de</strong> aeronave, 2.520, ele não escreveu mais e pela primeira vez me chama <strong>de</strong> Senhor. Então quantas horas totais o Senhor tem, respondo a ele que estou pertinho das 20.000, vinte mil horas, bem voadas. A essa altura, ele <strong>de</strong>sceu do pe<strong>de</strong>stal, não era mais o Ministro da Aeronáutica, conversamos, ele associou o meu <strong>no</strong>me às acrobacias, já tinha visto eu voar o BUCKER. Agora era eu o Ministro, ele me entregou todas aquelas papeladas e disse, faço do jeito que o Senhor quiser e <strong>de</strong>pois leve lá na 4.ª Zona.
1953 - BONANZA - BUTANTÃ A<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1953, Bonanza, Campo do Butantã, cabeceira da pista. Estou checando para <strong>de</strong>colar. Tem um burro na pista perto <strong>de</strong> mim. Coloco o avião na reta para a <strong>de</strong>colagem, <strong>no</strong> momento que ataquei o motor chega um cara e toca o burro com uma pedrada. O bicho <strong>de</strong>sembesta para o lado do avião, não <strong>de</strong>u mais tempo para nada, a hélice cortou o mesmo pelo meio, arrancou uma pá da hélice, o motor ainda girou com uma pá só na hélice, <strong>de</strong>u uma valente vibração, quebrando o berço do motor, houve um princípio <strong>de</strong> incêndio, que apaguei com o extintor <strong>de</strong> bordo, <strong>de</strong>pois fiquei sabendo que o burro era cego, o do<strong>no</strong> do mesmo, era mais burro do que o próprio burro, queria q1ue eu pagasse o burro, foi uma milonga comprida, só sei que fiquei bastante aborrecido. De <strong>no</strong>vo para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, só que <strong>de</strong>ssa vez com uma camionete FORDISON, comprei toda a frente <strong>no</strong>va, nariz, berço que é tudo junto <strong>no</strong> Bonanza, outra hélice, arranjei um sargento da FAB especialista em rebitagem, 10 dias <strong>de</strong>pois estava outra vez voando com o bicho.
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