Não é preciso dizer que ninguém dormiu. Pelado sem acomodações nenhuma e <strong>de</strong>pois nós era mos quatro homens, tinha quatro pare<strong>de</strong>s mas dormir em pé não dá. Às 4 horas da manhã começou os primeiros sintomas <strong>de</strong> começar a clarear. Vestimos a roupa, toda engruvinhada, meio molhada e fomos para o avião. A chuva tinha acabado, a manhã estava linda e a maré baixa. Decolei e fui entregar os passageiros lá em Pariquera-Açú.
HOMENS DE NEGÓCIOS O número <strong>de</strong> passageiros foi aumentando, <strong>de</strong>sisti do negócio <strong>de</strong> peixes. Em 1949 estava zero a zero com as dívidas. Dei o STINSON como entrada, assinei um monte <strong>de</strong> papagaios e saí <strong>de</strong> Bonanza. Campo do Butantã, nunca havia voado <strong>no</strong> Bonanza, o Clemente me <strong>de</strong>u um duplo <strong>de</strong> cabine <strong>no</strong> chão, como última explicação, seletora <strong>de</strong> gasolina. A seletora do Bonanza é acoplada com a bomba manual. Perguntei ao Clemente como mudava <strong>de</strong> tanque, ele disse-me, vire para on<strong>de</strong> indica a flecha, é o tanque. Três passageiros já esperavam para ir a Curitiba, com sobrevôo da área da Barra do Turvo. Acomodo-me <strong>no</strong> posto <strong>de</strong> piloto, embarcam os três passageiros, o motor <strong>de</strong>mora um ouço para funcionar, não tenho prática <strong>de</strong> acionar a bomba manual junto com o starter. O motor pega meio afogado, espero que ele arredon<strong>de</strong>, saio então taxiando para a cabeceira da pista, checo tudo como tinha me explicado Clemente, tudo OK. Decolo, guardo o trem, mudo o passo, acerto a rotação e maniflow, estou estranhando o avião, mas tudo <strong>no</strong> Bonanza era fácil. Rumo 250°, o tempo era bom, 1.500 metros <strong>de</strong> altura, 22 polegadas, 2.000 RPM, velocímetro 1<strong>40</strong> milhas. Estou passando Sete Barras, logo adiante Xiririca. Barra do Turvo fica entre Xiririca e Iporanga, consulto o mapa para saber qual das barras é a do Turvo, o Rio Turvo é afluente do Rio Ribeira, mas o Ribeira tem um monte <strong>de</strong> afluentes. Eis então que surge o Rio Ribeira para a direita e o Turvo para a esquerda. Serra para todos os lados e os dois rios lá embaixo. Os passageiros queriam ver as terras <strong>de</strong> perto, <strong>de</strong>sço para <strong>de</strong>ntro daquela biboca, não tem 20 metros <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> pla<strong>no</strong>, giro para lá, giro para cá, a pedido dos passageiros. Uma hora e vinte <strong>de</strong> vôo, o tanque que estava voando marca ¼, vou mudar <strong>de</strong> tanque, viro a seletora, virou muito macio, <strong>de</strong>sconfiei, esta coisa não mudou o tanque nenhum. Vou dar o fora <strong>de</strong>sta biboca o mais <strong>de</strong>pressa possível, pensei rápido. Ponta Grossa, Curitiba, tudo era longe. Pariquea-Açú era o mais perto com a vantagem <strong>de</strong> alcançar o vale do Ribeira. Os passageiros pe<strong>de</strong>m que eu vá mais para cima, dou uma resposta qualquer e continuo rio abaixo. Minha <strong>de</strong>sconfiança com a seletora estava confirmada, o tanque com ¼ não marcava mais nada, estou em cima <strong>de</strong> Xiririca a 1.500 metros, o motor tossiu, <strong>de</strong>i bomba manual, ele <strong>de</strong> uma animada, mas voltou logo a espirrar <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo. Insisto na seletora, viro para todos os lados e nada, a hélice está girando muito <strong>de</strong>vagar, percebo o estalar das catracas dos magnetos e a hélice para <strong>de</strong> vez. O lugar que estou sobrevoando é horrível, vejo o vale lá longe, o rio está muito baixo e tem uma praia lá longe. Pensei comigo mesmo, se fosse o STINSON eu ia lá naquela praia, mas agora eu não sei se vou chegar. Não tinha outro lugar, segurei bem na reta para a dita praia, trem em cima, empurrei a hélice toda <strong>no</strong> passo máximo para fazer a mínima resistência ao avanço. Vou indo a praia chegando. Eu planejei ir direto para a praia, embora o vento fosse <strong>de</strong> cauda. Cheguei na praia alto, afastei-me um pouco para a direita a fim <strong>de</strong> fazer a tomada a 180°. A altura era boa, a 90° com a praia e logo acima do rio vi que a praia era muito peq1uena, mas daria. Comando o trem e quando o mesmo começa abrir o Bonanza afunda violentamente. Não tinha mais o que fazer, a água some por baixo do nariz e o Bonanza entra meio placado na areia da praia. Uso os freios com violência, as rodas travam, não andou 50 metros, estava parado. Depois <strong>no</strong> chão é que eu fui <strong>de</strong>scobrir como funcionava a seletora. A praia não dava para <strong>de</strong>colar com os passageiros. <strong>Ar</strong>ranjei uma ca<strong>no</strong>a para levá-los até Sete Barras e eles tomariam uma condução até Pariquera-Açu, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam me esperar. No prolongamento da praia era um terre<strong>no</strong> bom, <strong>de</strong>pendia só <strong>de</strong> uma pequena limpeza. Apareceu muita gente, todos <strong>de</strong>ram uma mãozinha e eu <strong>de</strong>colei sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s.
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