Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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pode gerar, e que não necessariamente tem que ser traduzida para uma partitura escrita. Eu<br />
não vejo necessidade de transportar esse meio para outro intérprete, nem submeter essa<br />
complexidade de informação a um outro intérprete. Então, realmente, é um domaine muito<br />
importante, e atualmente, principalmente <strong>na</strong> Alemanha, há uma revisão de todo esse<br />
processo, sem essa liberação um pouco psicodélica das décadas de 60 e 70, que foi<br />
importante, mas hoje em dia há outros aspectos. Eu deixo bastante livre para os<br />
compositores, do ponto de vista pedagógico, de que maneira eles vão atuar nisso. Geralmente<br />
eles trazem composições para mim também, e eu sou bastante crítico quando eu encontro<br />
fórmulas de escritura musical que são meramente transmitidas pela obediência histórica a<br />
determi<strong>na</strong>das correntes. Por exemplo, a or<strong>na</strong>mentação <strong>na</strong> música contemporânea, gruppetos,<br />
cachos de notas espalhados pelo espaço. Isso é um clichê da música escrita, que acontece<br />
muito em Berio, em Boulez… menos <strong>na</strong> música alemã, que não é uma música muito<br />
or<strong>na</strong>mental. Isso é uma coisa bastante questionável: o excesso da or<strong>na</strong>mentação como<br />
“vestimenta moder<strong>na</strong>” de uma composição. A própria escritura espalhada pelo espaço se<br />
traduz em uma determi<strong>na</strong>da modernidade um pouco supérflua em determi<strong>na</strong>dos momentos.<br />
Isso eu critico bastante em composições. Para quê esse excesso de or<strong>na</strong>mentação? Existe<br />
mobilidade da figura, movimento gestual, ou é ape<strong>na</strong>s uma herança de “preciso ser moderno,<br />
vou escrever também com esses clichês”…? Isso é um pequeno detalhe. Às vezes a própria<br />
organização da partitura de maneira parca pode produzir rigidez <strong>na</strong> composição só pelo fato de<br />
você ter que fechá-la em uma partitura. Eu acho importante o compositor ser confrontado com<br />
isso. Eu trabalho muito isso com os meus alunos, que são os alunos de composição de toda a<br />
Escola de <strong>Música</strong>. Mas eu deixo também bem aberto o diálogo, há pessoas que não se<br />
interessam por isso, escrevem lá um dois por quatro, cada um tem o seu… mas a improvisação<br />
acho que seria um hábito extremamente importante também para o compositor. Para mim,<br />
por exemplo, seria muito difícil pensar no fi<strong>na</strong>l da Sagração da Primavera, a Danse Sacrale,<br />
como uma informação composicio<strong>na</strong>l derivada de um processo histórico extraído de algum<br />
outro compositor… aquele momento para mim é uma interferência brutal dentro da história da<br />
música. De onde surgiu aquilo? É folclórico? Não é. Vem de Wagner? Também não. Vem de<br />
Liszt? Não. O que é aquilo, de onde surgiu? Realmente são momentos muito importantes<br />
dentro da história da música. Imagino que Stravinski fosse um compositor que experimentasse