Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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a gravação<br />
Uma vez que <strong>na</strong> improvisação não há necessariamente alguma forma de registro<br />
escrito, a gravação se tor<strong>na</strong> uma ferramenta extremamente útil e eficaz. Ela permite tanto<br />
avaliar e a<strong>na</strong>lisar o que foi feito como pode se tor<strong>na</strong>r um produto, uma espécie de registro de<br />
um resultado obtido. Além disso, um processo bastante rico que temos desenvolvido nos<br />
últimos tempos é aproveitar a gravação de uma improvisação considerada interessante como<br />
plano formal para a realização de improvisações subseqüentes (pode-se mesmo aproveitar o<br />
modelo de uma improvisação origi<strong>na</strong>lmente solista como base para uma posterior<br />
improvisação em grupo). Ou seja, a<strong>na</strong>lisamos e fazemos um plano gráfico das ocorrências da<br />
improvisação gravada e logo buscamos utilizar este plano como guia formal para uma<br />
improvisação coletiva. Os resultados têm sido bastante animadores nesse sentido.<br />
Já como forma de análise, a gravação permite ao improvisador uma visão sobre sua<br />
prática fora do contexto de performance. Esta observação exter<strong>na</strong> de sua atuação é<br />
fundamental. Ela serve de espelho para o improvisador, uma forma única de se observar e se<br />
a<strong>na</strong>lisar. Com ela, ele pode exercer uma autocrítica muito mais aguçada. Da mesma forma, a<br />
partir da gravação, o grupo pode buscar identificar e alterar momentos considerados<br />
insatisfatórios e extrair idéias e materiais interessantes, buscando operar sobre eles em<br />
seguida.<br />
pesquisa empírica de timbres e corpos sonoros<br />
Um lado bastante instigante da prática é a exploração de diferentes regiões sonoras<br />
menos convencio<strong>na</strong>is dos instrumentos, ou mesmo quaisquer outros corpos sonoros não<br />
considerados como “instrumentos musicais” no sentido tradicio<strong>na</strong>l: o interior do piano, a<br />
madeira dos instrumentos de cordas, as chaves da flauta, ou latas, madeiras, tubos,<br />
eletrodomésticos etc. No início de uma sessão de prática improvisatória com timbres bastante<br />
díspares depara-se com uma grande dificuldade inicial: é como se estivéssemos em um grau<br />
zero de constituição musical. Fazer com que sons mais disparatados timbristicamente tenham<br />
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