Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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Vários efeitos expressivos, inclusive aqueles descritos por Caccini em Le nuove musiche<br />
(1601-1602), incluíam a variação de dinâmica que, embora não fosse escrita, buscava um<br />
acordo expressivo sutil e delicado com o texto e a melodia. Muito disto foi conquistado com<br />
uma prática experimental no tempo, juntamente com or<strong>na</strong>mentos do tipo diminuição, que<br />
depois ganharam nomes particulares como trillo e gruppo.<br />
Na Alemanha, a descrição de caracteres or<strong>na</strong>mentais pode ser observada nos livros de<br />
Michael Praetorius e J. A. Herbst. Muitos processos da <strong>na</strong>scente monodia italia<strong>na</strong> foram<br />
descritos pelos alemães, como as novas variantes das diminuições possíveis, formas de<br />
antecipar uma nota, formas de repetir uma nota, gestos que enfeitariam uma linha melódica,<br />
entre outros.<br />
Uma descrição da forma “ideal” de se tocar foi feita por Agazzari em Del so<strong>na</strong>re sopra il<br />
basso (1607), obra da qual transcrevemos um trecho:<br />
“Aquele que toca o alaúde deve tocá-lo com nobreza, com muita invenção e variedade,<br />
não como aqueles que, por terem uma mão preparada, não fazem <strong>na</strong>da além de tocar escalas<br />
corridas e diminuir tudo do início ao fim. Especialmente no trabalho em grupo, no conjunto,<br />
em que tudo o que se ouve é tumulto e confusão, desagradando o público. Portanto, cabe uma<br />
dosagem entre golpes delicados, passagens lentas, rápidas e repetitivas, as vezes somente<br />
nos baixos, as vezes rivalizantes e arrogantes, repetindo e transpondo as figurações para<br />
regiões diferentes; ele deve, resumindo, costurar as vozes com grupetos, trilos, acentos, cada<br />
um por vez, e assim dará graça ao conjunto, prazer e alegria aos ouvintes, evitando com<br />
sensatez que tais adornos entrem em conflito, deixando tempo necessário a eles,<br />
especialmente quando há outros instrumentos semelhantes – algo a ser evitado, <strong>na</strong> minha<br />
opinião, a menos que eles toquem com uma grande distância entre si ou tenham afi<strong>na</strong>ções e<br />
tamanhos distintos (…). O violino exige belas passagens, diferentes e longas, com figuras<br />
alegres, pequenos ecos e imitações repetidas em vários lugares, acentos expressivos, golpes<br />
mudos do arco, de trilos, grupetos etc. O Violone, como parte mais grave, procede severo,<br />
sustentando a harmonia de todos com ressonância suave, insistindo o quanto for possível <strong>na</strong>s<br />
cordas mais pesadas, tocando com mais freqüência as mais graves. O theorbo, com suas<br />
consonâncias cheias e suaves, reforça a melodia, se destacando um pouco mais que o baixo,<br />
com trilos e acentos mudos. A arpa doppia, que é sempre útil, tanto no soprano como no