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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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IGNACIO: Na verdade houve um trajeto. Começamos com uma determi<strong>na</strong>da<br />

necessidade de fazer música improvisada, mas nós não sabíamos bem o que queríamos; eu<br />

comecei a improvisar junto com o Bilé (Alexandre Lunsqui) em 1989, quando nos conhecemos<br />

<strong>na</strong> Unicamp. O Alexandre Lunsqui, pianista, havia acabado de entrar <strong>na</strong> primeira turma de<br />

música popular da Unicamp. O que nos unia era um interesse pelo jazz, por improvisação e por<br />

música contemporânea. Eu tinha uma formação mais “erudita”, estudei contrabaixo acústico e<br />

conheci música contemporânea ao lado de outros tipos de música. Algumas das primeiras<br />

coisas que me lembro de ter ouvido de música “erudita” foram a No<strong>na</strong> de Beethoven e o<br />

Gesang der Jünglinge de Stockhausen, no mesmo dia [risos], e ambas me pareceram<br />

igualmente muito interessantes; eu nunca fiz distinção entre a música contemporânea e a<br />

música erudita do passado etc. Eu tinha uma necessidade fazer coisas diferentes, coisas<br />

novas, de criar, <strong>na</strong> verdade, e não queria só ser o instrumentista de orquestra que fui educado<br />

para ser. O Alexandre também gostava muito das suas “outsides”, tocando jazz e “entortando”<br />

tanto até que ninguém entendia mais <strong>na</strong>da [risos], e também gostava das poucas coisas de<br />

música contemporânea que conhecia. Nós nos juntamos com essa vontade inicial de fazer<br />

alguma coisa nova, juntando nossas experiências. Queríamos inventar alguma coisa diferente,<br />

mas não tínhamos a intenção de escrever, pois não tínhamos prática de composição; nem eu e<br />

nem ele pretendíamos ser “compositores”. Quando começamos a tocar junto, vimos que<br />

gostávamos de criar e gostávamos daquilo que estávamos fazendo. Começávamos a tocar e<br />

milhões de coisas iam aparecendo, e um ia seguindo o outro. Não tínhamos muitas<br />

expectativas ainda do que poderia surgir daquilo. Eu nunca tinha ouvido grupos de<br />

improvisação de música contemporânea; isso é muito raro, é difícil encontrar gravações,<br />

menos ainda poder assistir algum concerto ao vivo. Alguns de tipo de free jazz nos eram mais<br />

familiares, como Anthony Braxton… um free jazz que fugia tanto do jazz que quase virava só<br />

free, e esse tipo de improvisação me estimulava muito. Assim, procurávamos criar enquanto<br />

tocávamos, desenvolver a interação um com o outro, com a única preocupação de fazer o som<br />

que nós realmente gostássemos.<br />

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