Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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ter havido várias atitudes não-profissio<strong>na</strong>is. Ele diz: “Quero que os intépretes sejam nobres,<br />
tenham grande liberdade, mas que não sejam um bando de imbecis”. O problema é que as<br />
pessoas não utilizam a liberdade com um sentido de qualidade, o que implica <strong>na</strong> possibilidade<br />
de se fazer uma bobagem.<br />
O que você acha a respeito do improvisador livre em relação à experiência dele,<br />
o repertório de escuta, e os trejeitos gestuais que ele possa ter?<br />
SÉRGIO: Nós sempre carregamos os referenciais que temos. É interessante a pergunta<br />
pois me faz pensar em exercitar improvisações com coisas que nunca fiz antes como, por<br />
exemplo… o peido [risos]. Mas fica mais difícil de pré-determi<strong>na</strong>r [risos]. Temos os<br />
referenciais, mas quando dialogamos, somos influenciados pelo que o outro fez,<br />
experimentando coisas novas. Ou então podemos ser influenciados por um som que apareceu<br />
por acaso. Aquilo pode nos inspirar a fazer uma coisa que não havíamos feito antes. Eu tenho<br />
feito um repertório muito indetermi<strong>na</strong>do, acaso ou não. Há uma peça do Hespos que é um<br />
texto assim: “Estrondos… silêncios… construa algo… e dessa construção destrua… e desta<br />
destruição construa outra coisa.” Eu posso pré-determi<strong>na</strong>r, improvisar ou encontrar um meio<br />
termo.<br />
Quais as virtudes e os limites da atividade improvisatória em relação à<br />
composição mais “determi<strong>na</strong>da”?<br />
SÉRGIO: Eu acho que o determi<strong>na</strong>do e o indetermi<strong>na</strong>do fazem parte de uma coisa só, e<br />
um não é melhor que o outro. É como <strong>na</strong> vida, nós determi<strong>na</strong>mos e indetermi<strong>na</strong>mos.<br />
Inclusive, falta mais indetermi<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> vida, para que tenhamos coisas mais imprevisíveis.<br />
Koellreutter define improvisação: “Realização musical que deixa margem a interferências que<br />
não estão pré-determi<strong>na</strong>das”. Mas Globokar também considera aquilo que não tem <strong>na</strong>da a ver<br />
com o que se tinha antes.