Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
114<br />
cameristicamente, a se comportar com outro instrumento. Quando ouve um contrabaixo, ela<br />
se modifica para acompanhar e tocar com o outro. Por outro lado, o contrabaxista, ao tocar<br />
com um trompete, prescisa fazer alguma coisa para o instrumento soar melhor. Soar melhor,<br />
não desculpe…soar mais forte! [Risos] …não vai publicar isso não! [Risos]. Ou um violão, que<br />
é um instrumento íntimo… se for tocar com um piano, então vamos desenvolver. Existe toda<br />
uma contraposição do instrumentista com outros grupos que é muito saudável para ele<br />
mesmo. Seja o piano ao se conter ou o violão ao ser mais presente, agressivo. Há também a<br />
parte vocal. Tem algumas vocalistas que vêm para a minha área. Algumas são atrizes,<br />
cantoras, recitantes, e fazemos trabalho com texto. Tem uma que dança, canta e é acrobata.<br />
Mas tudo depende do seu talento como pedagogo. Você tem uma pessoa <strong>na</strong> sua frente e sabe<br />
exatamente as tendências que pode puxar da pessoa. Ou você pode mostrar: “Escuta, você<br />
tem muito talento, mas isso aqui está uma porcaria, meu filho, vai trabalhar isso aqui.” Isso às<br />
vezes é muito difícil, o improvisador geralmente é uma pessoa talentosa, senão não estaria<br />
improvisando… eu penso assim. Há uns que têm um determi<strong>na</strong>do talento e esquecem que têm<br />
algumas coisas a trabalhar. Eu tenho um aluno fantástico que toca violino e piano muito bem,<br />
mas de vez em quando ele faz também movimento cênico. Ele já me estragou várias coisas<br />
com esses movimentos [Risos]. Eu já falei que eu vou filmar e mostrar para ele. Também falei<br />
a ele que já avisei várias vezes e que minha pressão pedagógica não está resultando em<br />
<strong>na</strong>da.Tem certas coisas que a pessoa tem que ver depois e evoluir. Tem horas que o aluno ou<br />
o improvisador está tão preso no material que não adianta… você fala, fala, fala, mas não<br />
adianta. Aquilo é uma evolução inter<strong>na</strong> da pessoa. Por exemplo, eu tenho um aluno que adora<br />
Alban Berg. Quando ele vai improvisar, tem toda aquela harmonia, o pedal, a melancolia etc.<br />
Claro que funcio<strong>na</strong> em determi<strong>na</strong>dos momentos, mas eu procuro contrastar com outros<br />
materiais e ele [o aluno] é muito resistente, porque não sente aquilo próximo. O improvisador<br />
tem que ser um pouco mais flexível e englobar no seu repertório outras coisas. E não ficar só<br />
<strong>na</strong> sua cápsula estilística. Isso é um problema sérissimo do compositor: não <strong>na</strong>morar outros<br />
elementos. Ele se fecha <strong>na</strong> sua tendência para ter a coerência com sua linguagem. Ele elimi<strong>na</strong><br />
elementos, coisas que ele não pode fazer porque já não fazem parte do seu vocabulário. O<br />
improvisador também tem isso, mas acho que seria interessante como exercício aproximar-se<br />
de outros materiais e tentar manipulá-los… confrontar-se com eles e tentar utilizá-los.