Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
107<br />
improvisação e composição. Eu trabalhei com um conjunto chamado Ensemble Koeln, que era<br />
um conjunto de música nova, mas que não tinha muita experiência em fazer essas coisas.<br />
Então eu pedi para chamar dois intépretes que eu conheço muito bem, que já improvisavam<br />
comigo. Eu tinha os dois lados: por um lado, um ensemble que estava acostumado a decifrar<br />
partituras de música nova com um regente (e eu me perguntava “o que vou fazer com um<br />
regente?” Tive que integrar o regente [Risos]);por outro lado; aqueles dois intérpretes. Um<br />
deles é percussionista e o outro é um violista que trabalha comigo há dez anos. A gente se<br />
entrosa super bem. Eu concebi uma peça <strong>na</strong> qual nós éramos solistas, piano, viola e<br />
percussão, mais o ensemble. Eu fiz várias camadas de organização: havia peças totalmente<br />
escritas, peças escritas para o conjunto sobre as quais nós improvisávamos (uma partitura<br />
escrita, um “tapete” que era regido), peças em que os intépretes recebiam uma partitura<br />
móbile, como o Klavierstück XI de Stockhausen, e o regente coorde<strong>na</strong>va esses objetos. O<br />
Ensemble era estereofônico, sopros e cordas, e tinha uma outra pianista. Nós tocávamos em<br />
três pianos, sopros, cordas e percussão, e solista de piano e viola. Eu coloquei o regente como<br />
um controlador de improvisação. Na verdade, é uma peça de música aleatória. Cada músico<br />
recebia sua partitura com números. Existia um momento entre sopros e cordas de luta<br />
antifônica que era coorde<strong>na</strong>do pelo regente. O regente compunha a peça <strong>na</strong> hora. Um trabalho<br />
que o Earle Brown fazia muito, assim como Bruno Mader<strong>na</strong> nos anos sessenta em Darmstadt.<br />
O compositor fornecia materiais, e o regente compunha <strong>na</strong> hora. Como nós [os três solistas]<br />
éramos mais trei<strong>na</strong>dos, econômicos e competentes, atuávamos nos momentos nos quais<br />
deto<strong>na</strong>va-se uma certa energia musical rápida, que me interessava <strong>na</strong> improvisação. Isso era<br />
uma dosagem. Não era uma partitura rígida, escrita, mas havia objetos, o regente coorde<strong>na</strong>va<br />
e nós improvisávamos sobre isso. Existiam peças totalmente escritas, em que o “tapete” era<br />
escrito para o conjunto e nós improvisávamos; momentos de pura improvisação do trio solista,<br />
às vezes improvisação com flauta, clarinete, improvisações mais dirigidas. Então, nessa peça,<br />
havia várias gradações entre a composição e a improvisação. Eram trinta minutos de música e<br />
acho que funcionou muito bem. Sempre de acordo com uma coisa minha, em que tudo é<br />
miniaturizado. Não é uma coisa de grande fôlego onde existe uma contemplação do tempo<br />
musical. Não é bem esse o meu estilo. É preciso que o compositor tenha uma estratégia clara.<br />
Pode-se compor fechando possibilidades ou abrindo determi<strong>na</strong>das possibilidades. Isso é um