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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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improvisação e composição. Eu trabalhei com um conjunto chamado Ensemble Koeln, que era<br />

um conjunto de música nova, mas que não tinha muita experiência em fazer essas coisas.<br />

Então eu pedi para chamar dois intépretes que eu conheço muito bem, que já improvisavam<br />

comigo. Eu tinha os dois lados: por um lado, um ensemble que estava acostumado a decifrar<br />

partituras de música nova com um regente (e eu me perguntava “o que vou fazer com um<br />

regente?” Tive que integrar o regente [Risos]);por outro lado; aqueles dois intérpretes. Um<br />

deles é percussionista e o outro é um violista que trabalha comigo há dez anos. A gente se<br />

entrosa super bem. Eu concebi uma peça <strong>na</strong> qual nós éramos solistas, piano, viola e<br />

percussão, mais o ensemble. Eu fiz várias camadas de organização: havia peças totalmente<br />

escritas, peças escritas para o conjunto sobre as quais nós improvisávamos (uma partitura<br />

escrita, um “tapete” que era regido), peças em que os intépretes recebiam uma partitura<br />

móbile, como o Klavierstück XI de Stockhausen, e o regente coorde<strong>na</strong>va esses objetos. O<br />

Ensemble era estereofônico, sopros e cordas, e tinha uma outra pianista. Nós tocávamos em<br />

três pianos, sopros, cordas e percussão, e solista de piano e viola. Eu coloquei o regente como<br />

um controlador de improvisação. Na verdade, é uma peça de música aleatória. Cada músico<br />

recebia sua partitura com números. Existia um momento entre sopros e cordas de luta<br />

antifônica que era coorde<strong>na</strong>do pelo regente. O regente compunha a peça <strong>na</strong> hora. Um trabalho<br />

que o Earle Brown fazia muito, assim como Bruno Mader<strong>na</strong> nos anos sessenta em Darmstadt.<br />

O compositor fornecia materiais, e o regente compunha <strong>na</strong> hora. Como nós [os três solistas]<br />

éramos mais trei<strong>na</strong>dos, econômicos e competentes, atuávamos nos momentos nos quais<br />

deto<strong>na</strong>va-se uma certa energia musical rápida, que me interessava <strong>na</strong> improvisação. Isso era<br />

uma dosagem. Não era uma partitura rígida, escrita, mas havia objetos, o regente coorde<strong>na</strong>va<br />

e nós improvisávamos sobre isso. Existiam peças totalmente escritas, em que o “tapete” era<br />

escrito para o conjunto e nós improvisávamos; momentos de pura improvisação do trio solista,<br />

às vezes improvisação com flauta, clarinete, improvisações mais dirigidas. Então, nessa peça,<br />

havia várias gradações entre a composição e a improvisação. Eram trinta minutos de música e<br />

acho que funcionou muito bem. Sempre de acordo com uma coisa minha, em que tudo é<br />

miniaturizado. Não é uma coisa de grande fôlego onde existe uma contemplação do tempo<br />

musical. Não é bem esse o meu estilo. É preciso que o compositor tenha uma estratégia clara.<br />

Pode-se compor fechando possibilidades ou abrindo determi<strong>na</strong>das possibilidades. Isso é um

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