Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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viraria um lixo. Então encontramos essa divisão: a prática musical coletiva e a individual.<br />
Depois, <strong>na</strong> USP, nós montamos grupos de improvisação com horário: meio-dia todo mundo ia<br />
para a sala de percussão e improvisava. Tinha de tudo. Eu me lembro de algumas pessoas que<br />
ficavam mal e colocavam tudo para fora ou das que realmente queriam fazer música. Depois,<br />
eu passei pela experiência do Aus den Sieben Tagen <strong>na</strong> aula do Willy [Corrêa de Oliveira]. Na<br />
minha classe eu fui o único a fazer, pois a a Cléa Galeano, que faria junto comigo, não pôde<br />
pois descobriu que estava grávida. Ela não podia, pois ficaríamos um dia inteiro dentro de um<br />
quarto, sem comer, sem contato com ninguém, sem fixar seu pensamento em <strong>na</strong>da etc. Eu<br />
fiquei um dia, uma noite e uma manhã assim. O Willy veio me buscar e me levou para a sala.<br />
E aí eu fiz um trabalho de improvisação. Nessa época eu já lia bastante Cage e já começava a<br />
imagi<strong>na</strong>r improvisação não só com instrumento mas com outras coisas.<br />
Uma coisa que sempre passa pela minha cabeça, que eu acho legal, é que se você<br />
pegar um treco qualquer e ficar fazendo assim [tamborila em um pedaço de madeira], você vai<br />
desenvolver uma técnica necessária para aquilo que você quiser fazer, mesmo que seja uma<br />
técnica irrisória. Você vai perceber quais são as sonoridades, as variações. É um improviso. A<br />
mesma coisa acontece quando você senta ao piano ou pega uma flauta e nunca tocou antes.<br />
Você desenvolve uma técnica e com ela uma improvisação.<br />
Então o meu início com a improvisação é esse, e ele está por trás de todas as peças<br />
que eu faço. Ou eu improviso com a voz ou ao piano. Se é orquestra eu improviso imagi<strong>na</strong>ndo.<br />
Mas mesmo que tenha um plano a priori da peça, ela é um grande improviso. O Sérgio<br />
Kafejian diz “caminhando e cantando”, assim você vai encontrando as coisas. Portanto, nesse<br />
caso, trata-se mais da improvisação individual.<br />
Como a indetermi<strong>na</strong>ção está presente <strong>na</strong>s suas composições?<br />
SILVIO: Temos que distinguir improvisação de indetermi<strong>na</strong>ção. No meu ponto de vista,<br />
se tivermos uma peça improvisada e uma não improvisada, é muito mais fácil encontrarmos<br />
elos, amarras, <strong>na</strong>quela que é improvisada. A não ser que seja uma free improvisation