Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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precisa e complexa (com muitas subdivisões irregulares de tempo) e indicações de intensidade<br />
que variam de ffff a pppp (utilizando-se, portanto, de uma grande gama de variações de<br />
dinâmica e modos de ataque). A influência da música serial, pontilhista e também da<br />
composição por 'grupos' é bastante clara. Quanto às instruções sobre como realizar a obra,<br />
podemos ler logo <strong>na</strong> primeira pági<strong>na</strong>: "Tocar os 4 blocos 3 vezes, sem interrupção: uma vez<br />
nesta ordem (A, B, C, D) e duas vezes em qualquer ordem, trocando de um para outro bloco<br />
os andamentos indicados. Os acidentes alteram somente 1 nota" 46 . Assim, ao lado de uma<br />
escrita bastante detalhista e precisa no nível das microestruturas, Gilberto Mendes tor<strong>na</strong><br />
aberta a sua obra no nível da forma, explicitando os limites desta abertura <strong>na</strong> explicação<br />
inicial.<br />
* compositor: Gilberto Mendes<br />
* data de composição: 1965<br />
Exemplo 4: Blirium C-9<br />
* a) para 1, 2 ou 3 teclados; b) para 3, 4 ou 5 instrumentos diversos da mesma família;<br />
ou c) para as versões a) e b) mais (no máximo) 6 instrumentos de timbres diferentes<br />
Já <strong>na</strong> formação instrumental para a realização da música encontramos uma abertura<br />
inusitada. Praticamente qualquer formação é permitida, a partir de algumas regras de<br />
combi<strong>na</strong>ção que privilegiam, em primeira instância, os instrumentos de teclado. A única<br />
possibilidade de versão solista, aliás, é para teclado (piano, órgão, cravo, acordeon ou - quem<br />
sabe - teclados eletrônicos?). É provável que tal escolha inicial tenha se baseado <strong>na</strong><br />
necessidade da simultaneidade de eventos, ou de possibilidade polifônica do instrumento.<br />
Podemos entender como evidência disto a exigência, em segunda instância, de no mínimo três<br />
instrumentos de uma mesma família (<strong>na</strong> ausência dos instrumentos de teclas). Na contracapa<br />
da partitura encontra-se a explicação: "Até outubro de 1969 o blirium C-9 havia sido<br />
apresentado <strong>na</strong>s seguintes versões: para um, dois e três pianos; para três violinos; para<br />
cravo, piano e percussão. A variante blirium A-9, para 12 cordas, foi colocada no I Festival de<br />
<strong>Música</strong> das Américas no Rio de Janeiro. Ainda não foi estreada a variante Blirium B-9, para 12