04.07.2013 Views

Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

108<br />

outro processo de organização musical. É importante saber bem o que deixar aberto para a<br />

escolha e ter a certeza de que isso vai funcio<strong>na</strong>r. Há a liberação, mas estrategicamente<br />

sabem-se as possibilidades. Isso responde sua primeira pergunta.<br />

Como a<strong>na</strong>lisar e pensar a improvisação, isto é, diferentemente de uma<br />

composição? A<strong>na</strong>lisamos composições, mas como funcio<strong>na</strong> a análise de uma<br />

improvisação? Quais as ferramentas e abordagens possíveis?<br />

PAULO: Essa análise pode ser feita por uma pessoa que tenha tocado a improvisação ou<br />

que escutou a improvisação, isso é uma coisa variável. Mas eu recomendo muito a gravação<br />

da improvisação. Gravar é como tirar uma fotografia daquilo. É o que o Bartók fazia. Ele<br />

gravava e depois escrevia todos os quartos de tons, todas as appoggiaturas, todos os sons<br />

guturais… Ele escrevia tudo. O metrônomo, o rubato, o diminuendo, o rallentando. Ele tirava<br />

uma foto da canção que ele escreveu. Claro que canção não é improvisação. É uma variação<br />

permanente de um esquema. Mas <strong>na</strong> improvisação podemos fazer isso. Temos um trio e<br />

vamos a<strong>na</strong>lisar. Vemos o que acontece: uma tentativa de imitação canônica aqui, uma<br />

imitação textural, isso aqui funcio<strong>na</strong> bem etc. A improvisação pode ser um repertório de<br />

possibilidades. Se o grupo trabalha intensivamente, esse momentos que são as luzes da<br />

improvisação podem ser retirados, e trabalhados de uma maneira metódica. Aí existe um<br />

problema muito sério. Há improvisadores que não conseguem fazer isso. Eles não conseguem<br />

se desligar daquele momento intuitivo, a<strong>na</strong>lisar a improvisação e ver o que que aconteceu, o<br />

que está interessante. O violoncelo tocou sul ponticello, notas agurdas, o piano tocou uma<br />

coisa lá dentro com as cordas que funcionou bem… a organização intervalar do motivo do<br />

violão também funcionou muito bem, porque ele tocou terças menores… Tudo isso pode ser<br />

a<strong>na</strong>lisado, buscando-se explicar porque determi<strong>na</strong>do momento funcionou bem. Podemos<br />

também trabalhar somente com associações sonoras, sem pensar em relações harmônicas ou<br />

intervalares. Isso eu acho fundamental para a evolução do trabalho do grupo de improvisação<br />

ou do improvisador. Tiramos um retrato daquilo, gravamos e depois a<strong>na</strong>lisamos. Isolam-se os<br />

momentos melhores: ”agora vamos trabalhar isso aqui. Vamos fazer estudos, exercícios de<br />

improvisação só com esse material… isso funcionou… por que funcionou? Vamos fazer

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!