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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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54 Grove’s Dictio<strong>na</strong>ry of Music and Musicians, vol. 9, p. 36.<br />

55 ABRAHAM, Gerald. The Concise Oxford History of Music. Oxford: Oxford University Press, 1979, p. 435.<br />

56 É interessante fazer uma breve comparação com práticas de música popular correntes <strong>na</strong> nossa época como a<br />

bossa nova e o jazz, por exemplo: existe um esqueleto harmônico e melódico da canção e o instrumentista realiza<br />

sobre ele certa atividade criativa que muitas vezes se vale da improvisação, ainda que num campo pré-delimitado e<br />

geralmente bastante petrificado pelo estilo.<br />

57 Grove’s Dictio<strong>na</strong>ry of Music and Musicians, vol. 9.<br />

58 Devemos deixar claro que o que chamamos de “escritura musical” é o próprio processo de elaboração de uma obra<br />

(no sentido bouleziano de écriture), não estando atada somente à música “escrita no papel”, mas também às músicas<br />

eletroacústicas, que prescindem em geral de partitura; todas elas, neste nosso estudo, são entendidas como<br />

composições de caráter mais fixo, determi<strong>na</strong>do.<br />

59 Softwares ou sistemas de código aberto são aqueles disponibilizam a qualquer pessoa o acesso a seus códigosfonte,<br />

de forma que qualquer estudioso interessado possa alterar, aperfeiçoar ou modificar livremente o programa de<br />

acordo com suas necessidades e interesses. Dissolve-se a figura do proprietário único do software em prol de um<br />

frutífero intercâmbio global de inúmeras equipes ou pesquisadores autônomos, todos co-responsáveis em alguma<br />

medida pelo constante aprimoramento de uma idéia ou pela proposição de outras idéias novas. O sistema operacio<strong>na</strong>l<br />

Linux e o software de síntese sonora Csound são alguns exemplos.<br />

60 Não estamos aqui nos referindo literalmente ao conceito de “espessura do presente” de Abraham Moles.<br />

Especificamente, a idéia de “espessura do presente” constante <strong>na</strong> Teoria da Informação está relacio<strong>na</strong>da ao tempo de<br />

resolução do ouvido humano, isto é, o intervalo de tempo mínimo para que nossa percepção entenda dois fênomenos<br />

diferentes separados no tempo. Se um evento A é percebido (seja visual ou auditivamente) em um dado momento, e<br />

um evento B acontecer menos de ca. 0,05 segundo após o evento A, o observador dirá que A e B foram simultâneos.<br />

Este intervalo de meio décimo de segundo é o mínimo necessário para que consigamos perceber dois fenômenos<br />

separados no tempo, e é esse intervalo que Moles chama de “espessura do presente”. Cf. MOLES, Abraham. Teoria da<br />

Informação e da Percepção Estética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 29.<br />

61 Consideremos por enquanto ape<strong>na</strong>s improvisações de caráter bastante livre e aberto; pois há sempre os casos<br />

mistos, e certa improvisação pode possuir eventualmente algum planejamento gráfico global, alguma determi<strong>na</strong>ção de<br />

microestruturas etc., podendo dessa forma ser parcialmente reproduzida em diferentes concertos. Uma experiência<br />

prática interessante seria realizar um concerto, ou uma gravação em CD, com algumas obras totalmente improvisadas<br />

e outras “determi<strong>na</strong>das”, escritas, e apresentar isso a um público sem fornecer informação nenhuma sobre qualquer<br />

uma das músicas. A aferição da opinião dos ouvintes, tanto leigos como “especialistas”, poderia revelar<br />

particularidades interessantes sobre certas características das próprias obras e sobre os caminhos da percepção dos<br />

próprios ouvintes. Nessa experiência, no fundo, o que ocorre é um artifício de elimi<strong>na</strong>ção parcial da influência que<br />

exerce sobre o ouvinte o conhecimento prévio do autor da música, de sua história ou proveniência, e da <strong>na</strong>tureza<br />

mesma da composição.<br />

62 Várias convergências e divergências entre <strong>Música</strong> e Linguagem, entre elas essa associação entre a música e os<br />

conceitos lingüísticos de “língua” (langue) e “fala” (parole), são desenvolvidas em MENEZES, Flo. Luciano Berio et la<br />

phonologie - une approche jakobsonienne de son oeuvre. Frankfurt a. M. - Paris - New York - Berlin - Wien - Bern:<br />

Verlag Peter Lang, Publications Universitaires Européenes, série XXXVI, Musicologie, vol. 89, 1993 [especificamente<br />

entre as pági<strong>na</strong>s 100 e 105, os sistemas de referências e “métodos” a partir dos quais os compositores elaboram suas<br />

obras são associados à “língua”, e as aplicações contextuais das regras derivadas desses sistemas, que são as próprias<br />

obras, são associadas à “fala”].<br />

63 Para os fins deste trabalho, utilizamos as expressões “música eletroacústica” e “música acusmática” como<br />

equivalentes; quando falamos em música “acusmática”, portanto, estamos nos referindo à música eletroacústica em<br />

geral, e não especificamente à corrente estética herdeira da tradição da musique concrète francesa, à qual a palavra<br />

“acusmática” costuma estar associada.<br />

64 GLOBOKAR, Vinko. Op. cit., p. 9.<br />

65 Vale ressaltar que Paulo Álvares se refere aqui à estética do realismo socialista, que pregava uma música de “fácil<br />

compreensão” pelo público, recusando processos estruturais mais complexos que seriam vistos como produto de uma<br />

elite cultural. Esse tipo de postura reacionária, que desacredita da capacidade intelectual das “massas” e recusa a<br />

experimentação estética é típica do período stalinista, e teve seus desdobramentos também no Brasil, provocando a<br />

mudança de rumos de autores tão diferentes como Claudio Santoro (por volta da década de cinqüenta) e Willy Corrêa<br />

de Oliveira (a partir da década de oitenta). Contrariamente a esse suposto marxismo, é importante lembrar de casos<br />

como o do poeta russo Vladimir Maiakóvski, cuja obra constitui um exemplo histórico fecundo de associação íntima e<br />

necessária entre revolução socialista com revolução artística e estética.<br />

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