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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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23<br />

A retomada da admissão da indetermi<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> música do século XX não está relacio<strong>na</strong>da<br />

somente ao que chamamos de improvisação. Para entender as diversas manifestações da<br />

consciência e uso do acaso a partir da música do século passado, é útil definirmos a idéia de<br />

graus de indetermi<strong>na</strong>ção.<br />

A indetermi<strong>na</strong>ção presente em certa manifestação musical pode ser, em certo sentido,<br />

aferida quantitativa e qualitativamente de forma aproximada, e isso em qualquer pontos do<br />

seu processo criativo. Isto é, no caso de uma “obra” no sentido tradicio<strong>na</strong>l, podemos nela<br />

buscar indícios de manifestações de qualquer tipo de indetermi<strong>na</strong>ção em três “momentos”<br />

distintos:<br />

* nos estágios de concepção inicial e elaboração por parte do compositor (por exemplo,<br />

John Cage compôs Music of Changes utilizando-se de operações de acaso, como veremos mais<br />

à frente);<br />

* <strong>na</strong> codificação visual <strong>na</strong> forma de partitura (que pode apresentar variados níveis de<br />

elementos determi<strong>na</strong>dos e indetermi<strong>na</strong>dos);<br />

* <strong>na</strong> interpretação da partitura por determi<strong>na</strong>do intérprete, resultando em apresentações<br />

singulares da composição a cada execução.<br />

Vamos nos ater, por enquanto, a uma discussão dos diversos aspectos da<br />

indetermi<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> música contemporânea somente sob o prisma da obra autoral,<br />

“propriedade” de um compositor único, em geral mais próxima à tradição da música escrita.<br />

Veremos como no século XX certos compositores abriram brechas para o acaso dentro dos<br />

limites da sua obra, por diferentes motivações e com maior ou menor preocupação com o<br />

controle desse acaso. Podemos chamar de “<strong>Música</strong> Aleatória” a maior parte dos casos dessa<br />

<strong>na</strong>tureza, em que o instrumentista é convidado a participar da criação da obra como uma<br />

espécie de co-autor, embora o “mérito”, por assim dizer, da proposição musical inicial seja<br />

ainda preferencialmente conferido à figura do compositor-proprietário 22 . Somente após<br />

traçarmos um panorama satisfatório dessa música aleatória proposta por um autor único é que<br />

passaremos a falar da improvisação em música contemporânea, que carrega consigo outras<br />

especificidades que a distinguem disso que acabamos de situar sob a alcunha de “<strong>Música</strong><br />

Aleatória”.

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