Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
129<br />
Fale um pouco sobre a sua formação e sua trajetória pessoal como compositor,<br />
suas influências etc.<br />
IGNACIO: Bem, Meu nome completo é José Ig<strong>na</strong>cio de Campos Júnior, <strong>na</strong>sci em<br />
America<strong>na</strong>-SP em 1966. Comecei a estudar música no Conservatório Musical de America<strong>na</strong>.<br />
Era bem conservatório… muito retrógrado. Lá estudei um pouco de contrabaixo e um pouco de<br />
teoria… houve muitas falhas <strong>na</strong> minha formação. Depois estudei no Conservatório de Barão<br />
Geraldo, conheci a Glória Cunha e o José Eduardo Gramani. Estudei harmonia do século XX<br />
com o Marcos Antonio Ferrari, e comecei a me interessar. Depois entrei pelo vestibular no<br />
curso de contrabaixo da Unicamp. Eu comecei a me interessar por tocar muito tarde, com 18<br />
anos, ainda fazia colégio técnico de Química. Estudei muito sozinho, precisava correr atrás do<br />
tempo perdido. Uma coisa que marcou, sem dúvida, foi o CDMC (Centro de Documentação de<br />
<strong>Música</strong> Contemporânea Brasil/Unicamp) e o José Augusto Mannis. Com o CDMC, que foi<br />
implantado em 1989, abriu-se um mundo para mim. O Mannis sempre foi muito ativo, trouxe<br />
vários grupos musicais… eu conheci até o Dusapin lá no CDMC, o Ensemble Accroche Note. O<br />
Mannis me sempre incentivou muito a fazer música contemporânea, e ele como professor<br />
sempre foi um grande apaixo<strong>na</strong>do pela música nova. Lembro-me de aulas de análise que<br />
estudamos Messian, Xe<strong>na</strong>kis, Stockhausen… conheci e aprendi a a<strong>na</strong>lisar música eletroacústica<br />
também. Quando conheci o Flo [Menezes], em 1994 em Campos do Jordão, eu já conhecia<br />
muita coisa através do Mannis. O Alex e a Maria Lúcia Pascoal também me estimularam muito<br />
com relação à música contemporânea, ao contrário de todos os outros professores… [risos]<br />
eles tiveram uma influência muito importante nesse sentido. Outra influência, em especial,<br />
relacio<strong>na</strong>da ao meu fazer composicio<strong>na</strong>l, foi a Glória [Cunha]. Ela me incentivou muito,<br />
barbaramente. Por causa da minha formação irregular e fragmentada, eu me menosprezava<br />
muito, além de um certo lado excessivamente negativo e autocrítico meu. Foi só graças a ela<br />
que eu acabei indo para Campos de Jordão em 1994 e conheci o Flo [Menezes], comecei etc.<br />
Muitas coisas novas eu ouvi através dela, aprendi a pensar a música sem preconceitos, a fazer<br />
música de uma forma mais alegre e menos sisuda… devo muita coisa a ela. Por fim, mais<br />
recentemente, também tive influência do próprio Flo Menezes, com o qual tenho trabalhado há<br />
cerca de três anos aqui no Studio PANaroma. Depois de 1994, ele se interessou pelo meu