Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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19<br />
propondo caminhos de investigação bastante diferenciados. Mas o caso de Cage é a<strong>na</strong>lisado<br />
em detalhes pelo autor, conforme veremos adiante. Como conclusão interrogativa para esta<br />
caracterização da Obra Aberta, são apontados dois problemas trazidos por essa poética: 1) as<br />
razões históricas, o background cultural dessa decisão formativa, a visão do mundo que ela<br />
comporta; e 2) as possibilidades de 'leitura' de tais obras, as condições comunicativas a que<br />
são submetidas, as garantias de uma relação de comunicação que não degenere no caos, a<br />
tensão entre a massa de informação intencio<strong>na</strong>lmente posta ao dispor do fruidor e um mínimo<br />
de compreensão garantida, a adequação entre a vontade do 'compositor' e a resposta do<br />
consumidor.<br />
É também colocado o problema da repercussão, <strong>na</strong> atividade artística criativa, de certas<br />
aquisições das metodologias científicas contemporâneas. Neste ponto, alerta-se para o perigo<br />
do uso acrítico e indiscrimi<strong>na</strong>do de categorias científicas para caracterizar ou explicar um dado<br />
comportamento artístico. Assim, segundo Eco,<br />
"Alertados por essas lições, ao encontrarmos um artista que usa termos da metodologia<br />
científica para desig<strong>na</strong>r suas intenções formativas, não nos arriscaremos a imagi<strong>na</strong>r que as<br />
estruturas dessa arte refletem as presumidas estruturas do universo real; notaremos ape<strong>na</strong>s<br />
que a circulação cultural de determi<strong>na</strong>das noções influenciou particularmente o artista em<br />
questão, de tal forma que sua arte quer e deve ser vista como a reação imagi<strong>na</strong>tiva e<br />
metaforização estrutural de certa visão das coisas (que as aquisições da ciência tor<strong>na</strong>ram<br />
familiar ao homem contemporâneo)” 18 .<br />
*<br />
Uma seção inteira é dedicada a uma análise comparativa e crítica entre o Zen Budismo<br />
e o Ocidente. Tratando da crescente onda de influências orientais no ocidente, Eco procura<br />
diferenciar o que ele chama de Zen Budismo e Zen “Modismo”. Repudiando a dissemi<strong>na</strong>ção de<br />
leituras superficiais e deformadoras da cultura oriental, que acaba virando 'moda' e objeto de<br />
consumo a partir da década de 60, o texto procura colocar questio<strong>na</strong>mentos básicos como por<br />
que o Zen, e por que agora? Procurar-se-á investigar que conjuntura cultural e psicológica<br />
teria favorecido tal encontro oriente-ocidente.<br />
O autor a<strong>na</strong>lisa o Zen como uma atitude fundamentalmente antiintelectualista, de<br />
elementar e decidida aceitação da vida em sua imediatez, sem tentar justapor-lhe explicações