Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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baixo, explora seu registro com notas pinçadas, ecos de ambas as mãos, trilos etc; em suma,<br />
visa um bom contraponto. A cítara comum ou o ceterone é usada com os outro instrumentos<br />
de maneira alegre, fazendo contrapontos. Mas tudo isso deve ser feito com prudência; se os<br />
instrumentos estão sozinhos no grupo, eles devem conduzir e fazer de tudo; se tocarem em<br />
companhia, um deve observar o outro, dar espaço ao outro e não entrar em conflito; se há<br />
vários, cada um deve esperar sua vez e não gorjear juntos como pardais, tentando vencer os<br />
outros no grito” 54 .<br />
Na Inglaterra, uma escola de improvisação instrumental floresceu no século XVII<br />
herdando a tradição dos virgi<strong>na</strong>listas e se valendo de melodias conhecidas como Greensleeves.<br />
Esta prática contribuiu para a formação do ground inglês, que servia de base para<br />
improvisadores. Na França do século XVII a air de cour foi desenvolvida por autores como<br />
Pierre Guédron e Antoine Boësset, importando um pouco da monodia italia<strong>na</strong> e suas<br />
diminuições, com gosto especial pela antecipazione della sillaba (avantson ou port de voix),<br />
que consistia em antecipar a nota do canto principal. Já no século XVIII, Couperin começa a<br />
balizar o or<strong>na</strong>mento em função da harmonia; assim, os or<strong>na</strong>mentos passam a se iniciar<br />
sempre no começo de cada pulsação.<br />
Outra forma da improvisação francesa da época envolvia também o ritmo, já que<br />
práticas com notas pontuadas e notes inégales nunca eram anotadas. O performer tinha que<br />
improvisar toda a trama rítmica de muitos prelúdios, que eram escritos como uma espécie de<br />
esqueleto, com notas longas e poucas indicações de execução. O estilo non-mesurée podia<br />
fornecer ape<strong>na</strong>s seqüências de notas em semibreves, quase sem definição rítmica, como<br />
observamos por exemplo em alguns prelúdios de Rameau ou de Gaspard Le Roux, que serviam<br />
de base para improvisações dirigidas 55 .<br />
Uma outra prática que se tornou comum no Barroco foi tratar uma reprise de um<br />
trecho de maneira diferenciada da primeira apresentação. Isto envolvia a necessidade de<br />
transformar o conteúdo proposto por meio de alteração mélodico-rítmica. Numa forma ABA,<br />
por exemplo, o segundo A teria que conter diferenças claras de articulação, or<strong>na</strong>mentação,<br />
adições e omissões que sem dúvida instigavam a criatividade no ato de tocar, fazendo com<br />
que o performer experimentasse diferentes maneiras de tocar a mesma passagem. Carl P. E.