Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA
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tem um interesse inigualável pela improvisação, em termos mundiais. Fica-se estupefato com<br />
o apoio que se dá a atividades nesse sentido, se você comparar com França, que é<br />
extremamente acadêmica e conservadora… a Alemanha, com toda a fama de discipli<strong>na</strong>, <strong>na</strong><br />
verdade foi um país que acolheu compositores como John Cage, e outros compositores que<br />
tiveram interesse nessa liberação, de uma maneira realmente muito importante, e isso, para o<br />
ensino musical alemão, é uma coisa capital. Eu trabalhei com vários música, alguns vindos de<br />
movimentos de jazz mais avançados, outros que fazem música nova em ensembles de música<br />
contemporânea, e desse trabalho surgem focos mais intensos de trabalho de música de<br />
câmera em improvisação, que são intérpretes com os quais eu já trabalho há doze ou treze<br />
anos. A improvisação já adquire um outro caráter, como se fosse um grupo de música de<br />
câmera com o qual já se trabalha há treze anos, você conhece a pessoa, você conhece o<br />
repertório gestual dessa pessoa com o instrumento que ela toca, você conhece bem o<br />
instrumentista… então a improvisação já deixa de ser uma coisa assim tão livre e ocasio<strong>na</strong>l do<br />
encontro blind date: já é uma coisa estudada, uma música de câmera bem ensaiada, e então a<br />
improvisação adquire caráteres de articulação composicio<strong>na</strong>l e de estruturação muito mais<br />
refi<strong>na</strong>dos, e <strong>na</strong> verdade esse trabalho é o que mais me interessa. É claro que o encontro<br />
casual de novos intérpretes é bastante interessante também; se as pessoas são bastante<br />
experientes nesse sentido, isso é muito bom. Mas esses pequenos focos, esses grupos<br />
altamente especializados <strong>na</strong> improvisação, que trabalham a improvisação como matéria de<br />
estudo e aprofundamento musical, isso me interessa muito. Uma outra parte do meu trabalho<br />
é a pedagógica. Eu sou professor de improvisação da Escola Superior de <strong>Música</strong> de Colônia, e a<br />
Escola tem o máximo interesse nessa área. Eu sou o fundador do Grupo de <strong>Improvisação</strong> e<br />
<strong>Música</strong> Aleatória da Escola Superior de <strong>Música</strong> de Colônia, o que é uma coisa inusitada, não<br />
existe isso <strong>na</strong> Alemanha, fui eu que criei. Nesse grupo a gente trabalha não só peças de<br />
compositores, conceitos livres nos quais há determi<strong>na</strong>das escolhas mas a fronteira do trabalho<br />
é bastante delimitada, como John Cage, por exemplo, que <strong>na</strong> verdade tem pouco a ver com<br />
improvisação: ele dá determi<strong>na</strong>das direções, você é coorde<strong>na</strong>do por essas direções, e nesse<br />
espaço limitado você se move. É uma dicotomia entre liberdade e autoridade. A esfera é<br />
delimitada de uma certa maneira que você se locomove, mas controladamente. Trabalhamos<br />
bastante peças intermediárias, que têm seções escritas e seções livres, e trabalhamos também