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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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de intérprete (embora exista um tipo de intérprete da música eletroacústica, que é o<br />

responsável por difundir os sons no espaço da sala de concerto).<br />

A improvisação tem uma relação diferenciada com cada um desses elementos. Em<br />

primeiro lugar, funde a figura do compositor e do intérprete em uma única pessoa ou grupo<br />

instrumental. Em segundo lugar, os improvisadores, até os dias de hoje, dificilmente<br />

encontraram disposição, paciência ou mesmo capacidade de distanciarem-se<br />

momentaneamente de sua prática para elaborarem uma reflexão teórica aprofundada sobre<br />

sua atividade, o que possibilitaria sem dúvida uma maior inserção e um maior debate de suas<br />

idéias no meio musical contemporâneo; a inexistência dessa reflexão teórica é também<br />

responsável pela condição atualmente margi<strong>na</strong>l da improvisação. Em terceiro lugar, devido à<br />

sua não-fixidez intrínseca, a improvisação prescinde de partitura escrita, ou faz dela um uso<br />

restrito, limitando-se a indicações gerais sobre alguns aspectos micro ou macroestruturais<br />

(pois se determi<strong>na</strong>sse muito mais do que isso deixaria de ser improvisação). Não existe, a<br />

rigor, o registro documental de uma “obra” improvisada. Nesse sentido poderíamos lembrar<br />

que a música eletroacústica também não faz uso de partitura, mas nem por isso deixa de se<br />

impor enquanto obra musical; como dissemos, isso se dá por certo parentesco escritural-<br />

elaborativo da composição acusmática com a composição instrumental escrita, sendo que as<br />

músicas eletroacústicas permanecem fixadas, em última instância, sobre o próprio suporte<br />

tecnológico (o CD ou a fita magnética). No caso da improvisação, não faz muito sentido tomar<br />

uma gravação de uma performance ao vivo como registro definitivo de uma obra improvisada,<br />

assim como não faz sentido tomar nenhuma gravação de concerto como substituto fiel do<br />

concerto ao vivo. E isso com a diferença substancial de que qualquer CD com as so<strong>na</strong>tas para<br />

piano de Beethoven sempre conterá, a despeito das diferentes interpretações pianísticas, as<br />

so<strong>na</strong>tas para piano de Beethoven; enquanto um CD com a gravação de um concerto de<br />

improvisação pode conter algo enormemente diferente da próxima apresentação ao vivo do<br />

mesmo improvisador ou grupo de improvisadores. Portanto, o caráter documental que a<br />

gravação de uma improvisação pode assumir não é similar ao poder documental de uma<br />

partitura ou de um tape eletroacústico.<br />

o papel da gravação <strong>na</strong> música improvisada

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