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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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75<br />

Já no século dezenove, um outro fator de cunho social foi importante. O salão do<br />

palácio dava lugar às grandes salas de concerto. Muitas atividades improvisatórias em recintos<br />

pequenos não faziam sentido em grandes espetáculos. A crescente formalidade da idéia de<br />

concerto tendia a deixar a improvisação de for a, apesar de a improvisação estar mais viva do<br />

que nunca em Liszt ou Chopin, por exemplo. A improvisação se vinculava cada vez mais a uma<br />

atividade caseira, um exercício de descoberta e uma prática diária que foi deixando de fazer<br />

parte das apresentações públicas. Os Estudos e Prelúdios de Chopin partiam de improvisações,<br />

o que explica, em geral, a duração curta das peças; suas texturas melódicas são, em boa<br />

parte, produto da atividade experimental dos dedos. Entretanto, o impulso criativo da<br />

improvisação foi deixando de se fazer presente no cotidiano dos instrumentistas; assim,<br />

começa a decli<strong>na</strong>r a figura do compositor-performer, e mesmo o mito do criador como aquele<br />

que “sai tocando”, embora tenha perdurado até o início do século XX em músicos como Busoni<br />

e, ainda hoje, em um certo sentido, no meio jazzístico.<br />

No fi<strong>na</strong>l do século XIX e início do século XX, a improvisação continuou também a existir<br />

<strong>na</strong>s práticas litúrgicas como parte da atividade dos organistas. Músicos como Marcel Dupré<br />

praticavam improvisações bastante variadas e chegaram a relatar estas práticas em livro. Uma<br />

série de improvisadores se destacam <strong>na</strong> França desde Franck até músicos como Widor e<br />

Messiaen, por exemplo. Tal atividade não ape<strong>na</strong>s alimentava a composição mas também era<br />

praticada em público, ainda que não fosse em sala de concerto.<br />

VI. A IMPROVISAÇÃO HOJE<br />

Em um trabalho bastante peculiar de 1949, Kalkbrenner chegou a questio<strong>na</strong>r: ”Quantos<br />

de nossos melhores pianistas são capazes de ‘preludiar’, mesmo que de maneira insatisfatória?<br />

E entre os estudantes não há um em mil que faça de suas improvisações algo mais que uma<br />

cadência” 57 .<br />

Embora tal afirmação seja pertinente para retratar a imensa maioria dos<br />

instrumentistas de formação erudita tradicio<strong>na</strong>l, <strong>na</strong> segunda metade do século XX vimos<br />

re<strong>na</strong>scer práticas improvisatórias ligadas à música nova. A criação musical contemporânea<br />

baseada <strong>na</strong> improvisação instrumental expressa uma maneira peculiar de pensamento

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