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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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uma evolução interessante no tempo é algo em certo sentido mais trabalhoso do que quando<br />

nos limitamos a tocar tradicio<strong>na</strong>lmente os instrumentos musicais que domi<strong>na</strong>mos. Para que<br />

não tenhamos um mero efeito anedótico ou uma mera seqüência de sons ou de gestos<br />

concretos pouco relacio<strong>na</strong>dos entre si, um após o outro, vemos a necessidade de um trabalho<br />

de exploração gradual das regiões tímbricas, buscando encontrar semelhanças sonoras entre<br />

tipos de toque, locais exatos nos quais se toca etc.<br />

É interessante notar que nesse momento em que somos confrontados com um universo<br />

de sonoridades que em príncipio nos foge ao controle (fora da técnica instrumental com a qual<br />

estamos habituados), exige-se uma atuação muito mais aguçada da nossa capacidade de<br />

processamento instantâneo dos dados sonoros e musicais. Isto é, a capacidade de assimilar e<br />

agrupar os sons por afinidades, adquirindo a consciência de novos diferentes modos de toque<br />

que possam surgir, e integrando tudo isso numa intenção criativa musical.<br />

o diálogo com a música escrita<br />

A música escrita sempre pode fornecer materiais para a improvisação. Por exemplo,<br />

podemos extrair um determi<strong>na</strong>do trecho de uma peça e operar variações pensadas sobre ele:<br />

por exemplo, selecio<strong>na</strong>r as alturas determi<strong>na</strong>das de uma partitura e realizá-las com rítmica<br />

livre; ou, inversamente, extrair elementos rítmicos definidos <strong>na</strong> partitura e tocá-los com<br />

alturas diferenciadas; aproveitar-se de elementos harmônicos, de contornos e perfis<br />

melódicos, de graus de densidades de eventos etc. O embate com o dado escrito traz sempre<br />

o confrontamento com algo que não foi interiorizado e que portanto não faz parte do domínio<br />

do improvisador. Peças com algum grau de indetermi<strong>na</strong>ção são extremamente enriquecedoras.<br />

E mesmo peças que se pretendem totalmente determi<strong>na</strong>das podem fornecer materiais<br />

bastante ricos, incluindo aí idéias para o movimento do braços e dedos, a prática de polifonia<br />

em situações diversas, ou mesmo a apreensão do caráter global do estilo de um ou outro<br />

compositor, no caso de improvisações “temáticas” etc. Nutrir-se de linguagens pessoais de<br />

compositores e tê-las à disposição para operar variações, deformações, sínteses cruzadas é<br />

um procedimento importante para o improvisador. O improvisador que queira agir<br />

criativamente sem cair em mero plágio estilístico pode se utilizar conscientemente desde

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