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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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cordas, desenvolvemos toda uma linguagem de cordas. Se ele for tocar com o piano, então é<br />

difícil casar, assim como com os metais, os sopros. Variamos cameristicamente a formação de<br />

cada dos grupos e vemos como isso pode funcio<strong>na</strong>r. É muito importante em todo trabalho de<br />

câmara o entrosamento do grupo, o que funcio<strong>na</strong>, o mecanismo do grupo. A<strong>na</strong>lisamos muito<br />

isso. Por exemplo, “Olha, o piano aqui massacrou todo mundo”, o que geralmente acontece…<br />

[Risos]. Tomar cuidado com o pedal… enfim, há certas práticas de música de câmara comuns,<br />

em que a mão esquerda não pode pesar como chumbo, senão acaba com todo mundo. O pedal<br />

deve ser dosado, deve haver pausas, a textura tem que respirar, senão vira uma bolacha, uma<br />

pasta… São determi<strong>na</strong>das coisas que custam muito para serem passadas. Principalmente para<br />

pianistas. Nós [pianistas] temos um instrumento muito possante, muito domi<strong>na</strong>dor. Mas <strong>na</strong><br />

improvisação, pelo menos no meu trabalho, existem vários níveis. Há compositores que tocam,<br />

não são todos que tocam bem, mas com qualquer material que eles oferecem eu posso<br />

trabalhar. O que me interessa é eles serem inventivos, mesmo que não dominem o piano.<br />

Como a gente trabalha em grupo, o pouco que eles produzem se integra de uma maneira<br />

enriquecedora. Este é um tipo de trabalho. Por outro lado, há o instrumentista cuja matéria<br />

principal é o instrumento. Esse eu posso trabalhar muito, porque ele tem possibilidade, então<br />

você puxa.Como o Gustavo, por exemplo. Eu tenho muitos assim. Há também aqueles que<br />

têm o instrumento como matéria secundária, vindos da pedagogia, licenciatura, coisas assim.<br />

Mas não dou material simplificado só porque fazem pedagogia. Eu não trabalho improvisação<br />

com os clichês pedagógicos, dalcrozianos… “Vamos fazer melodia pentatônica em três por<br />

quatro… tá, tá tá tá [solfejando]”… Eu acho um absurdo, hoje em dia, com a evolução da<br />

percepção sonora no estágio em que está, voltarmos a essas coisas. Eu tenho certos<br />

problemas em Colônia: a improvisação é muito mal tratada por essa área pedagógica. “Vamos<br />

trabalhar ritmos de 3 por 4, colcheias e semicolcheias, tum… tum-tum tum [solfejando]”. É um<br />

grau de significação que reduz a pessoa que lida com pedagogia a um estado de idiotice<br />

mental muito problemático. E tem o outro lado da terapia. Tenho muitos alunos da<br />

musicoterapia que chegam lá com um CD. Arrebentam com o som que a gente fica quase<br />

louco! Dizem que estão testando a capacidade terapêutica da pessoa de resistir ao ruído. É<br />

difícil, mas acho que nessa área de musicoterapia a improvisação vai ser cada vez mais<br />

importante. Essa liberdade da emissão é muito importante para a musicoterapia já que ela

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