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Indeterminação e Improvisação na Música Brasileira ... - CCRMA

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No Brasil, qual o panorama da improvisação nos últimos tempos? Quais os<br />

grupos que trabalham ou trabalharam com o assunto e em quais direções? Como<br />

você vê a prática da improvisação <strong>na</strong> história recente do Brasil?<br />

SILVIO: A primeira história que me vem a cabeça sobre improvisação é a do Choro n. 3,<br />

para clarinete e flauta [De Villa-Lobos]. Dois “capiaus” se encontram numa encruzilhada e um<br />

segue o seguinte diálogo: – O que você está carregando? – Uma flauta.– Você toca? – Não. E<br />

isso aí, o que é?– Um clarinete.– Você toca?- Não.– Então vamos tentar alguma coisa juntos.<br />

Os dois ficam tocando e o que um faz não tem <strong>na</strong>da a ver com o que o outro faz. São<br />

totalmente independentes. Talvez o Villa-Lobos tenha improvisado alguma coisa. Acho que a<br />

improvisação <strong>na</strong> história mais recente pode ser considerada a partir do Gilberto Mendes e Willy<br />

Corrêa de Oliveira. A improvisação <strong>na</strong> música concreta, que se caracterizava em criar grandes<br />

blocos de som. Uma das razões era o fato deles trabalharem com um grupo de músicos<br />

amadores, o madrigal Ars Viva. O Life-Madrigal do Willy é um exemplo. Uma escrita com<br />

alguns momentos livres. E é claro que haviam os ventos que sopravam da Europa e dos<br />

Estados Unidos sobre improvisação. Não sei ao certo o título, mas havia uma ‘música para<br />

trecos’ do [Jorge] Antunes, que envolvia improvisação livre. Os trabalhos da Jocy de Oliveira<br />

são de improvisação ou ao menos muita coisa era improvisada, ainda que dirigida. O<br />

Koellreutter, com aquela bola transparente… Aquilo é improvisação. Outro dia um colega meu<br />

me explicou o que é planimetria. Realmente é muito interessante. Ela é uma maneira de você<br />

pensar um livre que não é livre. Qualquer caminho que você toma está previsto pelo<br />

compositor. Ela é uma composição em rede, embora a metáfora “rede” seja mais recente. O<br />

Carlos Kater teve um grupo de improvisação. Mas eu não conheço nenhum compositor<br />

brasileiro que trabalhe exatamente pensando a improvisação. Um ou outro usa, mas ninguém<br />

pensa nela. Usa, ousa, deixa espaço aberto, mas não vejo um pensamento propriamente sobre<br />

improvisação. Podemos dizer que Koellreutter pensa a improvisação. Tato Taborda tinha<br />

trabalhos de improvisação, hoje em dia tem trabalhos escritos. Talvez o grupo de improvisação<br />

mais atuante no Brasil tenha sido a banda performática do Aguilar. Era um artista plástica,<br />

bailarinos, instrumentistas, pintores, era uma balbúrdia gigantesca. Mas também faziam<br />

música popular, se não me engano. Era free, música experimental.

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