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No. 50/1986

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de o direito a diferenca ate a concorrencia<br />

no inercado. Por isso julgamos que, na pro-<br />

mocao do intercambio cultural, tecnologi-<br />

co e econainico entre os nossos dois paises<br />

cabe um papel essencial as instituicoes da<br />

sociedade civil, das universidades as empre-<br />

sas. Na sua autonomia e na livre expressao<br />

do seu poder de iniciativa e criatividade, o<br />

entrelacamento das relacoes entre as enti-<br />

dades particulares brasileiras e portuguesas<br />

deverao proporcionar o terreno solido para<br />

uina aproximacao cada vez mais inarcada<br />

entre Brasil e Portugal. Creio, por exemplo,<br />

que uina densa rede de interesses economi-<br />

cos e empresariais luso-brasileiros e indis-<br />

pensavel para consolidar, a medio e a longo<br />

prazos, o relacionamento entre as nacoes<br />

brasileira e portuguesa. E nao ha duvida de<br />

que, hoje, existem boas perspectivas neste<br />

campo, tendo em conta designadamente a<br />

entrada de Portugal para as comunidades<br />

europeias e o interesse ja manifestado por<br />

einpresas brasileiras em estabelecerem ope-<br />

racoes em territorio portugues, visando o<br />

inercado comum europeu.<br />

Reconhecendo, assiin, a importancia decisi-<br />

va da accao das entidades particulares no<br />

reforco do intercambio luso-brasileiro, gos-<br />

taria, no entanto, de sublinhar que e no pla-<br />

no politico que, neste momento, se colo-<br />

cam as tarefas prioritarias. Na verdade, nao<br />

apenas podemos e devemos avancar nas<br />

consultas visando harmonizar, tanto quanto<br />

possivel, as politicas externas prosseguidas<br />

pelos nossos estados, como temos de criar,<br />

no plano politico, condicoes propicias ao<br />

estreitainento das relacoes culturais e eco-<br />

nomicas. Por isso tenho insistido no carac-<br />

ter essencialmente politico desta minha vi-<br />

sita de trabalho a Brasilia.<br />

Utilizando uina imagem feliz do Einbaixa<br />

dor, e meu querido amigo, senhor Alberto<br />

Costa e Silva, diria que o Brasil tem o espa-<br />

co e Portugal o tempo, a historia. Ha que<br />

conjugar e assiin dinamizar o potencial<br />

desses dois factores, em beneficio de cada<br />

uma das patrias.<br />

Brasileiros e portugueses, ambos temos de<br />

tirar partido daquilo que nos aproxima -<br />

e e muito. Esta e, de facto, a solucao inteli-<br />

gente, pois, se assim for, ambos ganhare-<br />

mos. E, pois, da nossa mutua conveniencia<br />

fazer valer no mundo a lingua, a cultura e<br />

os valores de civilizacao que nps unem. Na<br />

medida em que formos capazes de prosse-<br />

guir nesta via, acabaremos, afinal, por re-<br />

forcar a propria identidade de cada uma das<br />

nossas nacoes, sobretudo frente a podero-<br />

sas afirmacoes de outras culturas.<br />

Claro que nao somos ingenuos e sabemos<br />

que cada um dos nossos estados tem inte<br />

reses proprios e especificos, e que estes,<br />

naturalmente, nein sempre podem coinci-<br />

dir. Mas essa realidade elementar, que s6<br />

pode ser ignorada por quem nao tiver os<br />

pes assentes na terra, em nada nos pertur-<br />

ba. Em primeiro lugar, porque a obra de<br />

aproximacao a que governantes brasileiros<br />

e portugueses meteram ombros tem de as-<br />

sentar em bases realistas, sob pena de nao<br />

passar da mera expressao bem intencionada<br />

de um desejo, mais ou menos envolvido<br />

em retorica e sentimento, mas sem expres-<br />

sao pratica nein continuidade. Ora a reali-<br />

dade e feita de interesses muitas vezes di-<br />

vergentes e ate contraditorios, entre esta-<br />

dos, entre instituicoes, entre- empresas,<br />

entre pessoas. Sem essas divergencias e con-<br />

tradicoes, alias, a propria vida estagnaria e<br />

nao haveria progresso.<br />

Em segundo lugar, mas este e o ponto fun-<br />

damental, os interesses profundos e a longo<br />

prazo do Brasil e de Portugal coincidem nas<br />

vantagens da aproximacao politica, econo-<br />

inica e cultural. E que essa aproximacao au-<br />

menta o peso de cada um dos paises na sua<br />

afirmacao na cena internacional e no<br />

inundo.<br />

E, assim, coin satisfacao que encontro da<br />

parte das autoridades brasileiras uma gran-<br />

de sintonia politica e uina grande lucidez<br />

quanto a toda esta problematica. Dessa<br />

lucidez e exemplo sintomatico a proposta<br />

brasileira - imediatamente e com entusias-<br />

mo aceite- pela nossa parte - de desde jCt se<br />

promover a constituicao de uma Coinissao<br />

Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).

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