25.08.2013 Views

No. 50/1986

No. 50/1986

No. 50/1986

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

consciencia de que sein a a seguranca de um<br />

crescimento econoinico equitativo, cujos<br />

benef (cios possam ser aproveitados pela so-<br />

ciedade como um todo, sera inais diflcil<br />

preservar liberdades democraticas tao<br />

arduamente conquistadas.<br />

Nao tem sido facil, porem, a tarefa de cori-<br />

seguir no ambito externo condicoes razoa-<br />

velmente satisfatorias para o cresciinento<br />

econoinico. Enfrentamos, coino pals em<br />

desenvolviinento, situacoes adversas, so-<br />

frendo as consequencias indiretas de deci-<br />

soes tomadas no ambito interno das econo-<br />

mias centrais, concertadas e iinpleinentadas<br />

na maioria das vezes a revelia de nossos in-<br />

teresses e preocupacoes. Sobre nos recai in-<br />

variavelmente o onus dos ajustes considera-<br />

dos necessarios para o melhor ordenamento<br />

da economia mundial. Os paises industrial i-<br />

zados raramente correspondem a esses nos-<br />

sos ajustes que fazemos coin inegavel sacri-<br />

f (cio.<br />

Para podermos atender os comproinissos f i-<br />

nanceiros internacionais, somos obrigados a<br />

inanter superavits de balanco de contas cor-<br />

rentes, o que muitas vezes s6 consequimos<br />

fazer atraves de uma contracao drastica de<br />

importacoes. Saldos favoraveis sobretudo<br />

de ngssa balanca comercial tendem, assiin,<br />

a se transformar em um objetivo em si<br />

mesmo, nao necessariamente ein sintonia<br />

coin as necessidades globais de desenvolvi-<br />

mento de nossos paises. Paradoxalmente,<br />

quando com as dificuldades conhecidas<br />

conseguimos inanter nossas balancas supe-<br />

ravitarias, somos objeto de criticas em<br />

nome de postulados livre-cambistas, mais<br />

apregoados do que seguidos.<br />

A divida externa - para a qual ainda nao se<br />

vislumbra uma solucao satisfatoria - cons-<br />

titui-se inegavelmente na questao central<br />

para a maioria dos paises em desenvolvi-<br />

mento. Mantidas as taxas de juros vigentes<br />

ate a metade da decada, o Brasil, a cada<br />

sete anos pagaria o equivalente a totalidade<br />

do principal de sua divida, sein conseguir<br />

livrar-se desse pesado Onus que afeta tanto<br />

sua economia, quanto a sociedade brasileira<br />

coino um todo. Um dos aspeclos mais per-<br />

versos do atual cenario economico interna-<br />

cional consiste no fato dos paises em desen-<br />

volvimento terem-se transformado em ex-<br />

portadores Ilquidos de capital. <strong>No</strong>s ultimos<br />

quatro anos, a America Latina transferiu<br />

cerca de 100 bilhoes de dolares para o ex-<br />

terior. Se considerarmos as profundas ca-<br />

rencias da regiao em setores basicos, como<br />

saude, alimentacao, transporte, habitacao e<br />

educacao, nos damos conta do absurdo nao<br />

apenas econoinico, mas tambem moral de<br />

regras e praticas que prevalecem na econo-<br />

mia mundial dos nossos dias. Tem razao<br />

nosso colega Ministro das Relacoes Ex terio-<br />

res da Argentina quando nos alerta para<br />

a insensatez que tende a predominar nas<br />

relacoes internacionais.<br />

Insistiinos, assiin, na necessidade. de um<br />

tratamento polftico para a questao da di-<br />

vida externa. O cumprimento das obriga-<br />

coes financeiras internacionais nos paises<br />

em desenvolviinento exige coino pre-requi-<br />

sito condicoes seguras para seu cresciinen-<br />

to. Sem esse crescimento, estariamos con-<br />

denados a pagar a divida externa coin a in i-<br />

seria e a fome de nossos povo& E isso ja-<br />

mais faremos.<br />

Senhor Presidente.<br />

As dificuldades e incoinpreensoes encontra-<br />

das com os nossos parceiros desenvolvidos<br />

nao tem esmorecido o nosso empenho em<br />

busca de um ordenamento econoinico inun-<br />

dia1 inais justo e eficaz. Procuramos ha al-<br />

guns anos engajar os paises desenvolvidos<br />

num exame das questoes relacionadas com<br />

o comercio, moeda e financas. Esse exame,<br />

temos certeza, ensejara uma compreensao<br />

mais clara da interacao entre a expansao<br />

das nossas exportacoes, a capacidade de sal-<br />

dar a divida externa e a imperiosa necessi-<br />

dade de crescimento economico. Lamenta-<br />

mos que respostas negativas ou protelato-<br />

rias a estas e outras iniciativas tenham leva-<br />

do a inacao da Assembleia Geral e de ou-<br />

tros orgaos da Carta de Sao Francisco, co-<br />

mo o ECOSOC.<br />

Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!