No. 50/1986
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tr.os nervosos a governarem o planeta, e o<br />
das sociedades atrasadas e caudatarias.<br />
Nao nos escapam tambem as implicacoes<br />
do desenvolvimento acelerado, nos palses<br />
ricos, de novas tecnologias para fins mili-<br />
tares. Estamos conscientes do impacto das<br />
aplicacoes civis aessas novas tecnologias,<br />
cuja pesquisa e desenvolvimento sao finan-<br />
ciados a fundo pedido pelos orcamentos de<br />
defesa. Nao desconhecemos as repercussoes<br />
desses subsldios a tecnologia sobre toda a<br />
estrutura economica dos palses desenvolvi-<br />
dos, nem ignoramos seus reflexos negativos<br />
na capacidade competitiva das economias<br />
dos pa lses em desenvolvimento.<br />
Senhor Presidente,<br />
Na Ainbrica Latina, em particular, o atraso<br />
economico e tecnologico esta acicatando<br />
a consciencia de nossos povos.<br />
<strong>No</strong> Brasil, estarnos firmemente, irreversivel-<br />
mente coinprometidos com a causa da inte-<br />
gracao economica da America Latina. Ha<br />
muito que essa integracao tem sido exigida,<br />
mas nunca antes como agora criaram-se as<br />
condicoes adequadas para o surgimento de<br />
uma autentica vontade polltica para apro-<br />
funda-la.<br />
A integracao abre horizontes para a forma-<br />
cao de um espaco comum latino-americano,<br />
capaz de favorecer o desenvolvimento dos<br />
paises da regiao e fortalece-los frente As<br />
adversidades da conjuntura econoin ica i n-<br />
ternacional.<br />
O Brasil, junto com a Argentina e o Uru-<br />
guai, deu recentemente passos relevantes no<br />
sentido dessa integracao, atraves de acordos<br />
que traduzem, de modo inequlvoco, a deci-<br />
sao madura e inteligente de pwos definiti-<br />
vamente convencidos das vantagens de sua<br />
uniao. Decisao ain biciosa mas tambem rea-<br />
lista, em que Zi fe renovada na convergencia<br />
de nossos destinos se associa a consciencia<br />
plena das dificuldades que a integracao po-<br />
de suscitar. Nao recuaremos, no entanto,<br />
diante desse desafio historico, que sabe<br />
mos grande, mas cuja grandeza da a medida<br />
de nossa disposicao comum de cooperacao<br />
e de progresso - nossa aspiracao fraternal<br />
de crescer juntos.<br />
Senhor Presidente,<br />
A persistencia de crises regionais que amea-<br />
cam a paz e a seguranca e outro aspecto<br />
preocupante da realidade internacional.<br />
E o que ocorre, notadamente, na Africa<br />
Austral. Recorro a palavras do Presidente<br />
Jose Sarney, proferidas em Praia, por oca<br />
siao de sua grata visita a Cabo Verde, em<br />
maio Ultimo: "A complexa problematica<br />
da Africa Austral jamais podera ser solucio-<br />
nada no horizonte das tensoes Lesteoeste<br />
ou sob qualquer otica estrategica de gran-<br />
des potencias. (...) A solucao da crise na-<br />
quela regiao passa primeira pelo desapareci-<br />
mento do apartheid e, em seguida, pela so-<br />
lida implantacao de uma estrutura de inte<br />
racao paclfica entre os Estados da regiao,<br />
que perineia a todos eles dedicar-se a luta<br />
para impleinentar os seus projetos nacio-<br />
nais de desenvolvimento".<br />
A inconceblvel recalcitrancia do Governo<br />
de Pretoria em manter intacto o regiinedo<br />
apartheid e bloquear o processo de inde<br />
pendencia da Nainibia, em persistente vio-<br />
lacao de decisao do Conselho de Seguran-<br />
ca, continua a provocar graves tensoes e<br />
conflitos na Africa Austral.<br />
<strong>No</strong> seculo passado, um ilustre estadista bra-<br />
sileiro, Joaquim Nabuco, batendo-se contra<br />
a escravidao que naquele tempo nos estig-<br />
matizava, ja dizia que "as leis de cada pais<br />
sao remissivas a certos princlpios funda-<br />
mentais, base das sociedades civilizadas, e<br />
cuja violacao em uma importa em ofensa a<br />
todas as demais". "Nenhum Estado pode<br />
por-se assim fora da comunhao civilizada<br />
do inundo", assinalava o ilustre abolicionis-<br />
ta. Esse e exatainente o caso do regime abo-<br />
minavel de discriminacao vigente na Repu-<br />
blica da Africa do Sul, ate nossos dias,<br />
quando ja nos aproximamos do terceiro<br />
milenio.<br />
Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).