No. 50/1986
No. 50/1986
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O Brasil mantem uma pol ltica firme e deci-<br />
dida contra a proliferacao das armas nuclea-<br />
res, seja no sentido vertical, seja no sentido<br />
horizontal. Temos participado ativamente<br />
vados a efeito nos brgaos das Nacoes Uni-<br />
das.<br />
Meu pais assinou e ratificou o Tratado de<br />
Tlatelolco, que tem por objetivo fazer da<br />
America Latina a primeira zona inilitarinen-<br />
te desnuclearizada em territorio habitado<br />
pelo homem.<br />
Tlatelolco ainda nao cuinpriu o seu objeti-<br />
vo porque nao conta com a participacao de<br />
todos os Estados da regiao, nem de uina das<br />
potencias extracontinentais que mantem<br />
territorios sob sua administracao na area do<br />
Tratado. Ademais, eventos recentes indi-<br />
cam que, para que o Tratado se transforme<br />
em instrumento efetivo de garantia A segu-<br />
ranca das nacoes latino-americanas, taz-se<br />
necessario uin eficiente sistema de verifica-<br />
cao contra a introducao de arinas nuclea-<br />
re.<br />
Nao obstante essas limitacoes, o Brasil tem<br />
reiteradas .vezes af i rinado sua pol ltica i nva-<br />
riavel de orientar-se estritamente pelos<br />
objetivos do Tratado de Tlatelolco, excluin-<br />
do qualquer atividade que vise A aquisicao<br />
de armamento nuclear.<br />
Seguida em todos os tempos e sem vacila-<br />
coes, essa politica tem merecido apoio am-<br />
plo do povo brasileiro. A plena desnuclea-<br />
rizacao militar da America Latina inscreve-<br />
se entre as metas prioritarias da pol ftica ex-<br />
terna do meu Governo, vivamente empe-<br />
nhado, como os de outros paises da regiao,<br />
em evitar o desenvolvimento e a introdu-<br />
cao de arinas atoinicas no Continente.<br />
Senhor Presidente.<br />
O armamentisino nuclear nao e apenas uma<br />
ameaca a nosso futuro. Ele causa terror e ja<br />
vem matando no presente. Matando pela in-<br />
seguranca e pelo medo, pela pobreza e pela<br />
fome. Nas palavras do grande poeta brasilei-<br />
ro Carlos Drummond de Andrade,<br />
"A bomba mata so de pensarem que vem al<br />
para matar"<br />
"A bomba e miseria confederando milhoes<br />
de miserias".<br />
Nao obstante tantos protestos e tantas ad-<br />
vertencias, em tantos foros<br />
("A bomba vai 'a todas as conferencias e<br />
senta-se a todos os lados"),<br />
conseguira o homem vencer a ameaca de<br />
sua propria destruicao?<br />
Talvez nos versos finais do mesmo expres-<br />
sivo poema do poeta Druininond haja uina<br />
mensagem confortadora de otiinisino:<br />
"A bomba, com ser uma besta confusa, da<br />
tempo ao homem para que se salve<br />
A bomba nao destruir4 a vida<br />
O homem (tenho esperanca) liquidara a<br />
bomba".<br />
Sejamos confiantes. Nas palavras lapidares<br />
de Thoinas Jefferson, somos movidos, afi-<br />
nal, "pelo desejo consciente de dirigir as<br />
energias de nossas nacoes para a multiplica-<br />
cao da raca humana, e nao para sua destrui-<br />
cao".<br />
Senhor Presidente,<br />
Tres outros assuntos merecem especial con-<br />
sideracao. Em primeiro lugar, quero reiterar<br />
a importancia que a democracia brasileira<br />
atribui aos direitos da pessoa huinana - a<br />
seu respeito absoluto e pleno, e desimpedi-<br />
do exerclcio. Significativos instuinentos in-<br />
ternacionais, como os Pactos Internacionais<br />
sobre Direitos Humanos e a Convencao das<br />
Nacoes Unidas contra a Tortura, estao<br />
sendo incorporados ao ordenamento juridi-<br />
co brasileiro, acrescentando novas garantias<br />
a perfeita protecao a esses direitos funda-<br />
mentais em nosso pa ls.<br />
Nao poderia deixar de referir-me tambem a<br />
um momentoso tema, o dos entorpecentes,<br />
Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).