No. 50/1986

da com seriedade, proporciona visao ampla
e diversificada dos problemas e habitua o
polltico ao trabalho em regime de dialogo
e colaboracao, requisitos essenciais a prati-
ca do governo esclarecido e impessoal. Da
utilidade dessas exigencias para o desempe-
nho do poder executivo, Otavio Mangabei-
ra deu atestado modelar." Certamente, por
isso Helio Lobo o colocava, na hierarquia
dos chanceleres brasileiros, logo apos a
Barao do Rio Branco.
Hoinein extreinainente organizado, preocu-
pado com os inetodos de trabalho da Secre-
taria de Estado que assuinira, procurou iin-
priinir a Casa seu timbre pessoal de discipli-
na adinipistrativa, e seu gosto pela geoine-
tria das instalacoes, acrescentando4 he, in-
clusive, a influencia da sua refinada sensi-
bil idade.
Organizou os arquivos do Ministerio ein ins-
talacoes condignas, interessado na "docu-
inentacao de mais de uin seculo da nossa
vida internacional, que se achava exposta
a prejudicar-se ou a perder-se pela ausencia
absoluta de material adequado a sua guarda
e conservacao". Construiu o predio em que
abrigou os arquivos, a inapoteca e a biblio-
teca do Ministerio, entao inteiramente reor-
ganizados em metodos modernos. Restau-
rou' e remodelou o Palacio Itamarati, dan-
do-lhe o aspecto que o decoro nacional ex i-
gia tivesse a sede da nossa chancelaria, com
o "aperfeicoamento dos servicos aqui como
no estrangeiro, no pessoal e no material."
inclusive o telegrafico, na oportunidade ein
precaria e lastimavel situacao. Restaurou,
tainbein, seus imoveis e decoracoes, suas
alfaias, seus objetos de arte e suas ricas
tapecarias, acervo "de maior valor que o
estado" possu ia, ameacados pela acao
danosa do tempo e do voraz e insidioso cu-
pim.
Foi extremamente importante o trabalho
de sua gestao na consolidacao das fronteiras
brasileiras, completando, com maestria a
obra de Rio Branco. Considerando que os
acordos internacionais sao, principalmente
em materia de limites, por sua Indole, mo
rosas e delicados, entregou-se a essa tarefa
com dedicada obstinacao, por julgar que
"nenhuma outra a sobreleva entre as a car-
go deste Ministerio", dentro da sua tese de
que "elucidar limites e contribuir, de algu-
ina forma, para desanuviar o futuro".
Assim e que se empenhou pela "definicao
completa do territorio nacional e, portanto,
do mapa do Brasil, ja pela conclusao dos
tratados a respeito dos trechos de fronteira
que ainda nao se haviam definido, ja pela
do acordos atinentes a demarcacao das divi-
sas ainda nao demarcadas, bem como a res
tauracao ou aperfeicoamento das demarca-
coes antigas". Com este objetivo, negocia-
ram-se tratados ou convencoes com a BOI l-
via, Coloinbia, Paraguai, Venezuela, Argen-
tina e Inglaterra (Guiana Inglesa). Tambem
concluiu, realizou, aperfeicoou ou restau-
rou demarcacoes em relacao a todos os ter:
ritorios coin que nos limitamos, incluindo
Peru, Uruguai, Franca (Guiana Francesa)
e Holanda (Guiana Holandesa), apos os
acordos necessarios.
No seu Ultiino relatorio (abri1/1930), sen-
te-se o justificado orgulho quando afirma
que "dos atos pelos quais se/ estabelece o
nosso territorio, seja definindo-O pelos tex-
tos, seja fixando-os pelos marcos - vacila-
ria em dize-lo, se nao houvesse, na hipotese,
a prova docuinental - nao sera pequena a
proporcao que se ha de levar a credito do
atual quadrienio".
Celebrou convenios telegraficos e radiotelegraficos
com a BOI lvia, Paraguai e Peru, e
com Bollvia e Uruguai tratados sobre a
construcao de ferrovias internacionais, inclusive
da ponte sobre o Rio Jaguarao, obra
considerada, A epoca, monumental e que
tanto facilitou as relacoes entre brasileiros
e uruguaios.
Preocupado com a necessidade de o Minis-
terio colaborar na area dos interesses eco-
namicos do pals, inclusive credito externo
e imigracao, dispondo ele, como dispunha,
de "reparticoes, com pessoal permanente, a
bem dizer, em toda parte do mundo, sob a
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