No. 50/1986
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deixando tracos admiraveis por onde pas-<br />
sou ein sua brilhante trajetoria.<br />
Goverriou a Bahia coin sabedoria e toleran-<br />
cia; realizou obras que 'marcaram a fisiono-<br />
mia de Salvador, com enfase no setor edu-<br />
cacional, onde Anlsio Teixeira experimen-<br />
tou, com sucesso, formulas pioneiras de ins-<br />
trucao. Havia tranquilidade e seguranca e<br />
soube conter, coin experiente habilidade,<br />
alguns assomos de agitacao polltica, numa<br />
epoca proplcia a movimentos de reivindi-<br />
cacoes ideologica e partidaria. Foi um go-<br />
vernador energico mas afavel, e do Gover-<br />
no, pobre saiu, deixando somente ao inor-<br />
rer, no palco da historia, a heranca das suas<br />
virtudes.<br />
Parlamentar, ganhou notoriedade desde sua<br />
estreia na Tribuna da Cainara, em 191 2, pa-<br />
ra vir, num crescendo constante, acuinulan-<br />
do nessa epoca, em que se confrontava com<br />
homens de alto valor cultural, experiencia<br />
polkica e elaborados dotes oratorios, foi<br />
ele, indiscutivelmente, a sua maior figura<br />
por sua eloquencia, coragem, lucidez, coe-<br />
rencia, vigor, logica, inteligencia e ardor<br />
coinbativo, tudo isto pedestal de um tri-<br />
buno oracular. Murilo Marroquim, entao<br />
dos melhores comentaristas pollticos do<br />
pals, nao escondia o seu entusiasmo, nas<br />
colunas dos "Diarios Associados": "Eis<br />
al um hoinein que a Camara reverencia e de<br />
cuja colaboracao a maioria parlamentar, ou<br />
inais precisamente, o Governo do General,<br />
Dutra, nao pode prescindir. A sua qualida-<br />
de de Ilder nao esta apenas nos seus raros<br />
recursos parlainen tares, encontrando-se, so-<br />
bretudo, na coerencia intocavel aos teinpo-<br />
rais dos debates. Esta nobreza de gestos na<br />
Tribuna, aliada a extraordinarios poderes<br />
de serena dialetica, tornam o senhor Man-<br />
gabeira uina figura de excecao no seio da<br />
Assembleia. Pela sua mao, esta envereda<br />
pelas boas rotas democraticas e adquire, aos<br />
recursos da persuasao e atracao do Ilder<br />
udenista, uina atmosfera saudavel de forca<br />
e respeitabilidade pol lticas".<br />
Tainb6m Heraclio Salles, renoinado cronis-<br />
ta parlamentar e polltico, afirma "nao ha-<br />
ver nele o homem particular mas sempre o<br />
pol ltico alteado ao pico das aspiracoes na-<br />
cionais, o pensador pragmaticamente absor-<br />
vido pelos elementos de pressao da socie-<br />
dade; em duas palavras: o homem publico<br />
por isso igualmente dito homem de esta-<br />
do". E reportando-se As palavras de Otavio<br />
Mangabeira, sempre insistindo, ate o ultimo<br />
alento, na advertencia pela preservacao da<br />
democracia, afirma que nao eram elas pala-<br />
vras de circunstancias. "As crises sucede<br />
ram-se ate a madrugada de 1 1 de novembro<br />
de 1955, dia em que a Camara dos Deputa-<br />
dos - vigiada e protegida pelos tanques,<br />
do golpe preventivo do General Lott, vol-<br />
tou a ouvir o mesmo apelo em um dos ins-<br />
tantes inais alto e dramaticos da eloquen-<br />
cia parlamentar em nossa historia. Otavio<br />
Mangabeira levou para a Tribuna, ja cor-<br />
rendo o risco de nao descer com vida, uma<br />
renovacao emocionante de sua advertencia<br />
em favor da paz obtida pela Uniao. Disse<br />
faze-lo "de coracao sangrando e lagrimas<br />
nos olhos". E conclui, desta forma, o elo-<br />
gio ao grande baiano: "Seria, pois, siin-<br />
plesinente fatal que Otavio Mangabeira, ein-<br />
bora forcado a se manter longe da Tribuna,<br />
morresse como o velho Pitt na Camara dos<br />
Lords no instante mesmo em que deplorava<br />
nao ter sido ouvido pelos ingleses quando<br />
os advertiu, ante a inepcia do tratamento<br />
dispensado aos colonos da America, para<br />
o inevitavel desmoronamento do imperio.<br />
Quanto ao nosso tribuno, porem, ainda e<br />
teinpo de ouvi-lo da "outra margem", para<br />
onde levou na garganta a ultima expressao<br />
de angustia, mas tambem de esperanca, em<br />
relacao ao futuro do Brasil.<br />
Ministro das Relacoes Exteriores, de 1926 a<br />
1930, foi um dos primeiros a demonstrar,<br />
no Brasil, que as atividades parlamentares<br />
e as executivas nao sao contraditorias, e<br />
que se conciliam no hoinein capaz de reali-<br />
zar falando, e falando realizar. A vida parla-<br />
mentar 6 uma escola de ensino diario, onde<br />
se aprende, na faina de legislar, na discussao<br />
permanente dos seus problemas, no debate<br />
contraditorio, nas posicoes poleinicas, a<br />
realidade nacional, seus inales, seu diagnos-<br />
tico e suas solucoes. A "atividade parlamen-<br />
tar", como diz Josaphat Marinho, "exerci-<br />
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