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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1190<br />
No fragmento 04, temos duas ocorrências de modalização em discurso segundo. Os<br />
enunciados [...] para Zukin (2000) a inversão das identidades espaciais é um fenômeno recorrente,<br />
[...] e, [...] para o autor, assim como no século XIX o comércio e manufatura criaram uma<br />
anulação do espaço pelo tempo [...], não são assumidos pelo pesquisador especialista, que atribui a<br />
responsabilidade a Zukin (2000). Nesses dois casos é usado um mesmo introdutor Para, que<br />
Maingueneau (2002) inclui na categoria de grupo preposicional. Esse tipo de introdutor, além de<br />
não ser neutro, atua de forma a dar um enfoque subjetivo ao enunciado que introduz<br />
(MAINGUENEAU, 2002). Permite ainda que o especialista, além de não assumir a<br />
responsabilidade do dizer, responsabilize o outro pelo dito. Marcuschi (2007, p. 148) nos diz que o<br />
uso dessas expressões “devolve a responsabilidade do dito ao próprio autor da opinião”, sendo,<br />
também, uma paráfrase do discurso do outro. Assim, cabe destacar que, ao utilizar esses<br />
recursos como introdutores, o pesquisador especialista está, antes de tudo, interpretando e<br />
parafraseando o discurso do outro.<br />
Das formas de retomada do discurso citado<br />
Na análise quantitativa anteriormente apresentada, constatamos quatro formas de<br />
retomada do discurso do outro na tessitura dos artigos científicos examinados, das quais duas são<br />
retomadas para descrição e análise, nos fragmentos que se seguem:<br />
Fragmento 05:<br />
[...] Trata-se da possibilidade do professor pesquisar sua própria prática, buscando sua melhor compreensão e<br />
mecanismos que possam torná-la mais eficaz. “[...] o professor deveria experimentar em cada sala de aula, tal<br />
como num laboratório, as melhores maneiras de atingir seus alunos, no processo de ensino/aprendizagem”<br />
(STENHOUSE, 1975, apud, LÜDKE, 2001, p.80). Imbuído desse princípio, entendo como fundamental a prática da<br />
pesquisa pelo professor, uma vez que, no mínimo, é possibilitada a reflexão sobre a sua ação. (ACEF01, p.02) [...]<br />
No fragmento acima, verificamos que o especialista discorre sobre a possibilidade do<br />
professor pesquisar sua própria prática. Para essa discussão, ele cita por meio de um discurso<br />
citado direto as palavras de Stenhouse, 1975, apud, Lüdke (2001, p.80), que diz: o professor deveria<br />
experimentar em cada sala de aula, tal como num laboratório, as melhores maneiras de atingir<br />
seus alunos, no processo de ensino/aprendizagem. Após essa citação, o especialista retoma-a<br />
expondo seu entendimento ou ponto de vista sobre o assunto tratado no discurso citado. A<br />
expressão imbuído desse princípio recupera o dito anteriormente. Após recuperar o referente, o<br />
especialista expõe seu ponto de vista com as seguintes palavras: entendo como fundamental a<br />
prática da pesquisa pelo professor, uma vez que, no mínimo, é possibilitada a reflexão sobre a sua<br />
ação. Nessas palavras, o especialista apresenta seu pensamento, seu ponto de vista, sobre a<br />
temática, marcando explicitamente a subjetividade (entendo) do seu dizer. O especialista consegue,<br />
assim, estabelecer um diálogo com o discurso que ele cita, além de revelar uma competência de se<br />
posicionar diante do discurso do outro, expondo, desse modo, o seu entendimento sobre o conteúdo<br />
abordado.<br />
Fragmento 6:<br />
[...] Nessa mesma linha de pensamento, convém observar ainda que apesar da interdisciplinaridade aparecer como<br />
uma categoria aparentemente exclusiva do mundo do conhecimento, largamente discutida no âmbito acadêmico e<br />
escolar, aos poucos ela vai sendo incorporada nas práticas e discursos do mundo do trabalho, principalmente<br />
vinculados ao modelo toyotista de produção. Mangini e Mioto (2009) esclarecem que nesse modelo<br />
[...] a interdisciplinaridade é tomada como uma atitude de abertura do sujeito individual ou coletivo (equipe), disposto à:<br />
integração, interação, coordenação, colaboração, e à cooperação. Além de disposição e abertura, é fundamental<br />
desenvolver uma postura flexível em face das mudanças, das novidades e das diferenças. O sujeito interdisciplinar é um<br />
aventureiro que busca ultrapassar as barreiras do conhecimento e inovar, ou seja, ser transdisciplinar. (MANGINI e<br />
MIOTO, 2009, P. 212)<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3