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Anais VII SIC - UERN

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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1182<br />

Cromwell, liderados pelo espião alemão conhecido por Anderson, trabalhavam para a Alemanha.<br />

Fica implícito que eles queriam impedir ou perturbar a coroação de Edward <strong>VII</strong> por propósitos<br />

políticos, que Holmes não consegue descobrir, mas que seu irmão Mycroft Holmes, com certeza,<br />

sabia perfeitamente, pois estava acompanhando todos os passos de Sherlock.<br />

Isso tem certa veracidade histórica, pois os casos se passam num período onde o<br />

imperialismo estava em plena voga com as independências das colônias americanas. A Alemanha<br />

atrasada nas novas conquistas territoriais imperialistas, no processo de industrialização e<br />

desenvolvimento de armas sofisticadas, devido a luta de unificação do país, teve de correr atrás do<br />

prejuízo. Isso causou uma tensão entre as nações européias o que foi um dos fortes motivos que<br />

eclodiram na Primeira Guerra Mundial.<br />

O romance policial pós-moderno em Michel Hardwick se estrutura de uma forma<br />

diferenciada nos vários aspectos que o comporta: o detetive Sherlock Holmes, a realidade criada, os<br />

casos a serem solucionados, os outros personagens, a forma de dedução do detetive metafísico. O<br />

Holmes dos romances de Hardwick, ao contrário do canônico, não mais observa tudo, sabe tudo e<br />

sempre chega a verdade. Esse eixo panóptico move-se para outro personagem (Mycroft), uma vez<br />

que o estilo da narrativa muda, a trama muda, os casos a serem solucionados são mais complexos<br />

dos que os que são apresentados em Doyle. No caso de The Prisioner of the Devil, o romance não é<br />

totalmente fictício, uma vez que foi baseado em uma história real: o Caso Dreyfus.<br />

Recorrendo a poética pós-moderna (HUTCHEON (1984, 1989, 1991, 1994) e<br />

JAMESON (1996)), podemos afirmar que nos romances policiais pós-modernos de Michael<br />

Hardwick há o questionamento implícito do detetive metafísico doyliano. Isso se dá, sobretudo,<br />

pelo questionamento do positivismo na contemporaneidade. O positivismo era uma metanarrativa<br />

moderna que sustentava a idéia de que a sociedade moderna seria governada por cientistas. Dessa<br />

forma, Sherlock Holmes é no romance policial de pura detecção uma espécie de imaginário<br />

idealizado do cientista positivista capaz de chegar a verdade. Essa maneira ideal de atingir a<br />

verdade, sustentada pelo humanismo liberal é mimetizada nos romances analisados na presente<br />

pesquisa através do incessante colapso do detetive metafísico doyliano nos romances<br />

contemporâneos de Michael Hardwick. Em outras palavras, o Holmes que é evidenciado pelo<br />

processo narrativo nos policiais de pura detecção doyliano, passa a ser questionado nos romances<br />

escritos por Hardwick, uma vez que é afetado por práticas sócias e domínios de saber que criam<br />

outras relações de poder. Dessa maneira, ele passa a não ter controle total de suas maneiras de<br />

pensar e agir, deixando de ser o detetive metafísico ideal doyliano, sendo, segundo Fink (1998), não<br />

mais uma intersecção entre o pensar e o agir, mas um espaço em aberto a ser preenchido.<br />

Em suma, Holmes, nos romances de Michael Hardwick, não é mais capaz de observar<br />

tudo, saber tudo e, assim, chegar a verdade. Ele não é mais a parte principal da história, senhor da<br />

realidade. Sua subjetivação e objetivação se dão através de alteridades que o impõem limites, o<br />

impedem de exercer plenamente suas faculdades mentais que o permite nos romances policiais de<br />

pura detecção doyliano ser capaz de manipular a realidade como ela se depara por meio da<br />

observação e análise dos fenômenos e fatos apresentados. Ele não mais se constitui de forma<br />

objetiva, ao o contrário disso, ele é apenas, como afrima Lacan (1998), um ser que busca<br />

incessantemente se encarnar na figura do “outro”, formando-se a partir deste que lhe serve de<br />

referências para o desenvolvimento do seu eu.<br />

CONCLUSÃO:<br />

Após a realização desta pesquisa, pudemos entender melhor o romance policial pósmoderno<br />

e suas características, a constituição do personagem Sherlock Holmes, a construção do<br />

enredo, as diferenças entre o romance policial doyliano e o romance pós-moderno de Michael<br />

Hardwick. Holmes em Doyle se caracteriza por um ser frio, presunçoso, extremamente racional,<br />

uma máquina de raciocinar com o ego supervalorizado de grande detetive dedutivo, caracterizando-<br />

ISBN: 978-85-7621-031-3

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