Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1133<br />
sociedade baseia-se em uma organização de consumo através do neo-capitalismo,<br />
acentuada pela globalização que permitiu que se passasse de um consumismo material<br />
para um consumismo ideológico das práticas não materiais (FAIRCLOUGH, 2006).<br />
Assim, são condições imprescindíveis à pratica publicitária primeiramente o<br />
supérfluo e em segundo lugar a existência de um mercado de massa. A esse respeito,<br />
Vestergaard e Schrøder (1988, p. 3-4) lembram que “a superprodução e subdemanda<br />
tornam necessário estimular o mercado, de modo que a técnica publicitária mudou da<br />
proclamação para a persuasão.” Sob essa perspectiva, o conjunto de necessidades<br />
sociais dá a tônica da relação informação/persuasão na publicidade: aquilo que<br />
consumimos deixa de ser meramente objetos e passa a se transformar em veículos de<br />
informação sobre o tipo de pessoa que somos ou gostaríamos de ser.<br />
A publicidade desloca, portanto, o objeto de sua função de uso para uma<br />
função de signo, promovendo a acumulação e proliferação dos objetos, numa política do<br />
supérfluo, numa extinção planejada daqueles, através de sua reciclagem/perecibilidade,<br />
gerando necessidades e desejos que levam a um consumo recorrente e praticamente<br />
forçado (COSTA, 2008).<br />
Relevante nesse aspecto é o conceito de recontextualização, caracterizada<br />
como uma relação dialética que é simultaneamente uma relação de colonização e<br />
de apropriação. A recontextualização, a expansão do consumismo e a marquetização<br />
têm, nesse sentido, efeito dialético sobre os eventos sociais ocorrendo reestruturação das<br />
entidades internas pela expansão de práticas sociais externas como o é o caso do<br />
impacto do discurso da publicidade.<br />
A onipresença da publicidade na sociedade de consumo cria um ambiente<br />
cultural próprio, um novo sistema de valores, co-gerador do espírito de seu tempo<br />
(CARVALHO 1996; COSTA; PACHECO, 2011). Em nosso caso, parte-se do<br />
pressuposto de que é a prática social religiosa que vem passando por tal<br />
recontextualização, para o que tomamos, como objeto de análise o exame do processo<br />
de produção, distribuição e consumo do evento social produzido no gênero textual<br />
“pregação religiosa”, prática discursiva pautada na oralidade e conduzida por um orador<br />
com relativo apoio de recursos audiovisuais.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Em um primeiro momento da pesquisa, foi feito uma revisão da literatura, a<br />
fim de situá-la teoricamente, categorizando tal aparato em três campos, teoria de fundo,<br />
teoria focal e teoria dos dados. Foram chamados, para esse fim, pressupostos<br />
operacionais básicos da Análise Crítica do Discurso, vislumbrando temas como<br />
discurso, eventos sociais, práticas discursivas, práticas sociais, dominação, hegemonia,<br />
manipulação; da Teoria/análise de Gêneros Textuais, considerando gênero como ação<br />
social; da Gramática do Design Visual e dos níveis de análise telefílmica, quando do<br />
tratamento da multimodalidade discursiva (KRESS; van LEEUWEN, 2006); e de<br />
trabalhos dedicados ao exame específico do discurso religioso (PEDROSA, 2001).<br />
Para a concepção do universo da pesquisa, considerou-se um conjunto de<br />
edições do programa Vitória em Cristo, capitaneado pelo líder religioso Silas Malafaia,<br />
da congregação Assembleia de Deus, veiculado em diversas emissoras e em variadas<br />
grades de horário. A escolha por este material se deve basicamente ao grande espectro<br />
de alcance junto à audiência, bem como à acessibilidade do material para coleta, já que,<br />
além de sua ampla divulgação em televisão aberta, encontra-se disponível também em<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3