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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1148<br />
ESTUDOS SOBRE A GRAMATICALIZAÇÃO DAS CONJUNÇÕES NO PORTUGUÊS<br />
DO BRASIL 1<br />
Carla Daniele Saraiva Bertuleza 2 ; João Bosco Figueiredo-Gomes 3<br />
RESUMO: É sabido que a gramática tradicional trata as conjunções como uma classe fechada cujos<br />
elementos servem apenas para relacionar termos ou duas orações, sem preocupação com os fenômenos de<br />
mudança variação e com as funções desempenhadas. Esta investigação tem como objetivo analisar as<br />
manifestações de gramaticalização das conjunções resultantes dos estudos difundidos na literatura<br />
linguística brasileira. Foram realizadas coletas e análises de estudos empíricos, apresentados em<br />
publicações eletrônicas de teses, dissertações, monografias, livros, anais de eventos, artigos em<br />
periódicos, entre outros. Focaliza as trajetórias de regularização caracterizando quanto a: direção e<br />
esquemas formais semânticos; categoria fonte e as funções (gramatical/pragmática/discursiva) derivadas;<br />
processos/mecanismos de mudança envolvidos; dimensão cronológica (sincrônica, diacrônica e<br />
pancrônica). O cruzamento das variáveis envolvidas foi feito por meio do programa SPSS para o cálculo<br />
de freqüência e correlação dos fatores. Os resultados empíricos revelam a tendência unidirecional de<br />
gramaticalização advérbio > conjunção, seguindo a escala de abstratização ESPAÇO > TEMPO ><br />
TEXTO.<br />
PALAVRAS-CHAVE: Funcionalismo. Gramaticalização. Trajetória. Conjunção. Unidirecionalidade.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Assumindo a língua, portanto a gramática, como dinâmica, emergente, um sistema cujas<br />
estruturas linguísticas, por influências decorrentes de situações interativas reais, vão variando,<br />
mudando e regularizando-se, sabemos que as formas linguísticas tendem a ajustar-se às<br />
necessidades informacionais dos falantes, gerando variações ou mudanças de itens ou<br />
construções lexicais.<br />
Diferentemente da gramática tradicional, esses fenômenos, cada vez mais, são estudados<br />
à luz do Funcionalismo Linguístico, no intuito de dar conta desse dinamismo, verificando como<br />
a língua é usada nos processos comunicativos, as circunstâncias discursivas e as condições de<br />
produção.<br />
Sabemos que há divergências em relação ao conceito de conjunção e discordâncias entre<br />
linguistas e gramáticos na interpretação do sentido assumido pelas conjunções nos diferentes<br />
contextos em que são usadas.<br />
De forma geral, as conjunções, é uma classe que a gramática tradicional trata como<br />
elementos que servem apenas para relacionar dois termos ou duas orações, ou seja, são<br />
apresentados como elementos meramente relacionais sem outras funções. Tomemos, pois, como<br />
exemplo, a posição de Bechara (1999, p.319-20) quando afirma:<br />
A língua possui unidades que têm por missão reunir orações num mesmo<br />
enunciado. Estas unidades são tradicionalmente chamadas conjunções, que se<br />
1 Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela concessão de bolsa no<br />
período de 2009 a 2010.<br />
2 Bolsista PIBIC CNPq/<strong>UERN</strong> e aluna do 7º período do curso de Licenciatura em Letras do Câmpus Avançado<br />
Prefeito Walter de Sá Leitão/<strong>UERN</strong>, em Açu/RN.<br />
3 Professor Adjunto de Linguística do curso de Licenciatura em Letras do Câmpus Avançado Prefeito Walter de Sá<br />
Leitão/<strong>UERN</strong>, em Açu/RN.<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3