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Anais VII SIC - UERN

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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1191<br />

Mais adiante, as autoras ressaltam que<br />

Com a difusão do conceito de interdisciplinaridade, as exigências de trabalho em equipe, competência, polivalência,<br />

multifuncionalidade, desespecialização ganham respaldo acadêmico/científico, ou seja, base teórico-metodológica.”<br />

(MANGINI e MIOTO, 2009, p. 212)<br />

Dentro desse contexto, e considerando a impregnação das rotinas de trabalho dos analistas ambientais pela<br />

visão especialista e linear de análise de processos de licenciamento ambiental, executada por anos, várias ações foram<br />

sendo implementadas pela equipe responsável da AIPRA, na SEMAD, com o intuito da efetiva implantação do novo<br />

modelo, [...] (ACG01, 2010, p.277)<br />

Neste outro fragmento, temos um caso de retomada em que o especialista insere um<br />

discurso citado para reforçar o conteúdo de um outro discurso citado. Verificamos que, ao se<br />

posicionar sobre a interdisciplinaridade sendo incorporada nas práticas e discursos do mundo do<br />

trabalho, o pesquisador traz, por meio de um discurso citado direto, o posicionamento de Mangini<br />

e Mioto (2009), a saber: [...] a interdisciplinaridade é tomada como uma atitude de abertura do<br />

sujeito individual ou coletivo (equipe), disposto à: integração, interação, coordenação,<br />

colaboração, e à cooperação. Além de disposição e abertura, é fundamental desenvolver uma<br />

postura flexível em face das mudanças, das novidades e das diferenças. O sujeito interdisciplinar é<br />

um aventureiro que busca ultrapassar as barreiras do conhecimento e inovar, ou seja, ser<br />

transdisciplinar. Logo em seguida, percebemos que o pesquisador mobiliza outro discurso<br />

citado direto para reforçar o conteúdo desse discurso, qual seja: Com a difusão do conceito<br />

de interdisciplinaridade, as exigências de trabalho em equipe, competência, polivalência,<br />

multifuncionalidade, desespecialização ganham respaldo acadêmico/científico, ou seja, base<br />

teórico-metodológica. Esse discurso é mobilizado para reforçar o conteúdo do primeiro, sendo que<br />

em ambos os fragmentos é conservado o mesmo tema, havendo, ao mesmo tempo, um reforço sem<br />

causar prejuízo para a progressão textual dos sentidos.<br />

CONCLUSÃO<br />

Constatamos que os especialistas das duas áreas do conhecimento mobilizaram com<br />

maior frequência os modos de discurso citado em que não há a reprodução literal das palavras do<br />

outro. Isso revela a capacidade dos especialistas em não apenas reproduzirem conceitos e teses, o<br />

que creditamos dever-se à condição de pesquisador mais experiente. A forma de retomada do<br />

discurso do outro em que o especialista expõe comentário ou ponto de vista evidencia o fato desses<br />

especialistas apresentarem maior engajamento, no sentido de se posicionarem diante do dizer de<br />

outrem, haja vista que esse tipo de comportamento não é constatado em pesquisas feitas com textos<br />

escritos por estudantes considerados iniciantes (graduandos), como, por exemplo, nos estudos de<br />

Boch e Grossmann (2002) e em pesquisas realizadas por Bessa, Bernardino e Nascimento (2011),<br />

examinando textos de estudantes iniciantes.<br />

A grande ocorrência, no corpus analisado, dos grupos preposicionais (segundo, para,<br />

conforme) como introdutores de discurso citado é um indicador de que os especialistas apresentam<br />

um juízo de valor sobre o conteúdo desse discurso, ou seja, o discurso citado passa pelo crivo da<br />

interpretação do pesquisador especialista, que constrói, a partir do introdutor, uma avaliação do<br />

conteúdo desse discurso outro. Isso é materializado quando o pesquisador especialista cita o<br />

discurso do outro por meio de modalização em discurso segundo e, em alguns casos, de discurso<br />

citado direto. Ao mobilizar os grupos preposicionais como introdutores, os pesquisadores<br />

especialistas exercem uma influência na construção dos sentidos do discurso que citam, até porque,<br />

conforme Maingueneau (2002), esses tipos de introdutores não são neutros, mas trazem consigo um<br />

enfoque subjetivo. Esses usos, por parte do pesquisador especialista, mostram a maneira como esses<br />

profissionais dialogam com o dizer do outro na construção dos sentidos do texto acadêmico.<br />

ISBN: 978-85-7621-031-3

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