23.10.2014 Views

Anais VII SIC - UERN

Anais VII SIC - UERN

Anais VII SIC - UERN

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1116<br />

<strong>VII</strong> Salão de Iniciação Científica da <strong>UERN</strong> de 17 a 18 de outubro de 2011<br />

tessitura de artigos científicos publicados em periódicos qualis especializados. Os resultados de<br />

nossas análises apontaram que os pesquisadores mobilizam vários modos de discurso citado nos<br />

artigos analisados, sendo que o modo mais recorrente foi a evocação, o que pode ser justificado<br />

pelo fato desses pesquisadores serem especialistas e, portanto, possuírem conhecimento suficiente<br />

para realizarem proposições e afirmações sem a necessidade de reproduzirem fielmente os discursos<br />

de outros, mas apenas evocando esses discursos como forma de sustentar e inserir sua pesquisa em<br />

uma área do conhecimento. Mesmo que o modo mais mobilizado nas duas áreas tenha sido a<br />

evocação, há algumas discrepâncias em relação ao emprego de outros modos, como o discurso<br />

citado direto com “que”, por exemplo, que não foi mobilizado em Engenharia, enquanto em Letras<br />

foi possível constatar a recorrência a esse modo.<br />

Em relação às formas de introdução, os pesquisadores da área de Engenharia<br />

mobilizaram com mais recorrência os grupos preposicionais (segundo, para, conforme), enquanto<br />

na área de Letras, os pesquisadores mobilizaram os recursos tipográficos com mais frequência. Ao<br />

mobilizarem essas formas, os pesquisadores se isentam da responsabilidade pelo dito e atribuem-na<br />

aos produtores do discurso citado. Desse modo, ao empregarem essas formas de introdução –<br />

grupos preposicionais e recursos tipográficos –, os pesquisadores deixam mais nítidas as fronteiras<br />

entre o discurso citado e o discurso citante.<br />

No que diz respeito às formas de retomada, Expõe comentário ou ponto de vista e<br />

Insere um discurso citado para reforçar de um outro discurso citado foram as formas mais<br />

recorrentes nas duas áreas. O emprego dessas formas indica que os pesquisadores especialistas não<br />

introduzem o outro em seu discurso de modo fortuito ou aleatório, mas conseguem estabelecer um<br />

elo entre seu discurso e o discurso citado, de modo que há uma linearidade e continuidade<br />

semântica na tessitura dos artigos analisados, o que é essencial para construção e negociação de<br />

sentidos nesses – e em qualquer outro – gênero acadêmico.<br />

Por fim, os resultados aqui apresentados nos permitiram compreender como<br />

pesquisadores especialistas de áreas diferentes do conhecimento dialogam com os autores a que se<br />

reportam na tessitura dos artigos científicos que produzem. Mas, além disso, as conclusões a que<br />

aqui chegamos podem ser bastante úteis para subsidiarem o trabalho de professores de produção<br />

textual acadêmica no que diz respeito ao ensino dos modos de referência, das formas de introdução<br />

e das formas de retomada do discurso do outro, o que é uma exigência na produção de qualquer<br />

texto acadêmico, pensando possibilidades de ensino que vão além dos aspectos meramente técnicos<br />

dos manuais de redação científica.<br />

REFERÊNCIAS<br />

AUTHIER-REVUZ, J. Heterogeneidade(s) enunciativa(s). Cadernos de estudos lingüísticos.<br />

Trad. de Celene M. Cruz e João W. Geraldi. Campinas, São Paulo: 1990.<br />

______. Heterogeneidade mostrada e heterogeneidade constitutiva: elementos para uma abordagem<br />

do outro no discurso. In: AUTHIER-REVUZ, J. Entre a transparência e a opacidade: um estudo<br />

enunciativo do sentido. Tradução de Alda Scher; Elsa Maria Nitsche Ortiz. Porto Alegre, RS:<br />

EDIPUCRS, 2004. p. 11-80.<br />

BAKHTIN, M. Questões de literatura e estética. Tradução de Maria Emsantina Galvão G.<br />

Pereira. São Paulo: Hucitec/Unesp, 1990.<br />

______. Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara F. Vieira. 12. ed.<br />

São Paulo: Hucitec, 2006.<br />

ISBN: 978-85-7621-031-3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!