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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1107<br />
Já o poema “Manicure” apresenta uma mulher do cotidiano, desenvolvendo tarefas<br />
simples, mecanizadas, as quais se confundem com o próprio ato de viver. Seguindo o mesmo liame<br />
de tarefas simples, nada mais corriqueiro que olhar o horizonte através de uma janela, como no<br />
poema “Moça na janela”<br />
“Deste giro de olho<br />
precisão recolho:<br />
Indefeso é o gesto a que<br />
(olho-flor) me presto<br />
na janela (sem olho) [...]<br />
(MAMEDE, 1978, p. 46).<br />
Mas este simples gesto de abstrair e buscar no horizonte o concreto, ou mesmo a<br />
manifestação do criador, em um simples olhar, pode revelar uma divagação de pensamentos que<br />
pode esconder muita dor ao mesmo um sonho de liberdade.<br />
Se comparamos o livro “Corpo a corpo” com o anterior “Exercício da palavra”<br />
observamos mudanças mais na parte estrutural que na unidade temática, embora apresente traços<br />
urbanos e provincianos ao mesmo tempo. Digamos que “Corpo a corpo” é um trabalho que reúne as<br />
experiências adquiridas ao longo da vida de sua autora, o qual apresenta maturidade e renovação,<br />
sem abandonar os temas clássicos como o sertão. E em uma visão mais apurada da vida revela as<br />
amarguras e angustias inerente a condição humana.<br />
Contanto, apesar das transformações e evoluções alcançadas pelas mulheres, a questão<br />
do feminino ainda permanece retratada como nas obras anteriores, ou seja, mostra a mulher presa<br />
aos trabalhos domésticos, realizando tarefas que culturalmente se atribuiu as mulheres, sem se<br />
descuidar do cuidado com os filhos, como podemos observar no poema “Retrato de minha mãe<br />
costurando”:<br />
[...] A máquina e<br />
o berço:<br />
filho vai nascer<br />
perna pedalando<br />
filha a adormecer [...]. (MAMEDE, 1978, p. 10)<br />
Assim, os poemas revelam e resgatam as memórias do tempo de infância de sua autora.<br />
De forma que os poemas e versos funcionam como fotografias, imagens simbólicas do nordeste que<br />
são capturadas e cristalizadas em um lance de olhar.<br />
CONCLUSÃO<br />
Ao estudar a literatura potiguar nos deparamos com uma atividade de escrita marcante<br />
em suas formas, forte e de posição bem definida, revelando as vivências de um povo e as<br />
experiências adquiridas em uma realidade a qual se apresenta de forma estereotipada, ainda mais<br />
quando se trata da representação da figura feminina. E quando se trata da posição e representação<br />
da mulher nordestina as posições de gênero são bem definidas, pois desde cedo são estabelecidos os<br />
lugares a serem ocupados por homens e mulheres, em uma relação histórico-cultural.<br />
Portanto, ao longo do nosso estudo pudemos comprovar que na obra “Direito das<br />
mulheres e injustiça dos homes” Nísia Floresta, com idéias avançadas e questionadoras, apresentase<br />
como uma mulher preocupada em alertar a sociedade sobre as injustiças que vinham sendo<br />
cometidas as mulheres, ela se porta como uma verdadeira defensora dos direitos femininos, uma<br />
mulher que não se enquadra dentro dos padrões estabelecidos e socialmente aceitos pela sociedade<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3