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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1113<br />
<strong>VII</strong> Salão de Iniciação Científica da <strong>UERN</strong> de 17 a 18 de outubro de 2011<br />
Gráfico 02: Formas de introdução de discurso citado em artigos científicos<br />
Conforme o gráfico acima apresentado, podemos verificar que os pesquisadores<br />
especialistas mobilizaram quatro formas de introdução de discurso citado nos artigos científicos,<br />
quais sejam: (i) verbos introdutores; (ii) grupos preposicionais (segundo, para, conforme); (iii)<br />
recursos tipográficos (aspas, itálico, recuo e diminuição da fonte) e; (iv) verbos dicendis mais<br />
“que”. Todas essas formas são mobilizadas, em maior ou menor frequência, nos artigos da área de<br />
Letras e de Engenharia, sendo que nos artigos de Engenharia é mais recorrente o emprego dos<br />
grupos preposicionais (38%) e dos recursos tipográficos (32%), enquanto nos artigos de Letras<br />
essas mesmas formas apresentam maior recorrência, só que em uma ordem inversa: os recursos<br />
tipográficos (39%) são mais recorrentes do que os grupos preposicionais (24%). Os fragmentos<br />
abaixo exemplificam o emprego dessas formas nos artigos científicos analisados:<br />
“Conforme recomendações da ABCP [1], este solo é adequado para fabricação de elementos construtivos<br />
de solo-cimento.” (ACE01, p. 25).<br />
No fragmento acima, o autor utiliza um grupo preposicional – Conforme<br />
recomendações da ABCP – para introduzir um discurso citado – modalização em discurso segundo<br />
– que não é assumido pelo autor do texto, já que a responsabilidade pelo dito é atribuída, por meio<br />
do emprego do grupo preposicional, à instituição ABCP. Possivelmente, isto se deve ao fato dos<br />
grupos preposicionais não serem introdutores neutros (MAINGUENEAU, 2002), já que trazem<br />
consigo um enfoque subjetivo, que permite ao produtor do discurso citante realizar juízo de valor<br />
sobre o discurso citado. Conforme Marcuschi (2007, p. 148), “estas formas deixam as opiniões por<br />
conta de quem as emite. Assumem a posição de devolver a responsabilidade do dito ao próprio<br />
autor da opinião”. Além disso, quando utiliza o grupo preposicional, o autor especialista parece<br />
também avaliar o conteúdo do discurso citado. Em relação aos recursos tipográficos, vejamos o<br />
exemplo abaixo:<br />
“Ao tratar desse fenômeno, quero entender a ideologia lingüística (Kroskrity, 2004) que rege a relação<br />
entre inglês e globalização em um mundo no qual “… os grupos [de pessoas] não estão mais<br />
territorializados, limitados pelo espaço, inconscientes do processo histórico, nem são mais homogêneos do<br />
ponto de vista cultural” (Appadurai, 1991: 191) (...).” (ACL08, p. 313).<br />
Neste fragmento, o autor mobiliza o discurso citado direto sem o emprego de<br />
introdutores explícitos, como os verbos dicendi, por exemplo, que comumente são utilizados para<br />
introduzir discursos diretos. Mesmo assim, existem recursos tipográficos que delineiam a fronteira<br />
entre o discurso citante e o discurso citado, como é o caso, no fragmento acima, das aspas e da<br />
indicação do autor ao final da citação. Sem esses recursos seria praticamente impossível conseguir<br />
distinguir o discurso citado do discurso citante, já que não há uma quebra semântica nem sintática<br />
na frase e sim uma sequenciação contínua e linear. Portanto, no discurso citado direto presente no<br />
fragmento acima, por exemplo, os recursos tipográficos podem ser considerados como elementos<br />
obrigatórios para delimitação das duas situações de enunciação: a do discurso citante e a do<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3