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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1103<br />
Nosso trabalho foi desenvolvido no período de agosto de 2010 a agosto de 2011, e ao<br />
longo deste tempo apresentamos os resultados parciais obtidos até a metade do tempo previsto para<br />
a execução do projeto, um ano. E agora apresentaremos o relatório final como um trabalho<br />
conclusivo da pesquisa, sem contanto dar a entender que se esgotaram as questões de pesquisa, ou<br />
que se definiu o encerramento da discussão da temática do feminino na literatura potiguar.<br />
Assim, para o desenvolvimento da nossa pesquisa como um estudo da construção da<br />
identidade das personagens femininas nas obras: “Direito das mulheres e injustiça dos homens”<br />
(1832), de Nísia Floresta e “Navegos” (1978), de Zila Mamede tomamos como ângulo analítico<br />
privilegiado a comparação dos aspectos temáticos e estilísticos das autoras no processo de criação<br />
de seus personagens.<br />
Com este intuito iniciamos um trabalho de consulta, triagem, identificação e análise<br />
bibliográfica de obras que tratam da contextualização histórica e literária do Rio Grande do Norte,<br />
com a finalidade de entender o mundo de cada personagem, como também consultamos obras que<br />
tratam da representação do feminino, da identidade, da personagem e da literatura comparada, para<br />
fundamentar e embasar nossos questionamentos.<br />
No período inicial de desenvolvimento do nosso estudo concentramos nossos esforços<br />
na leitura do referencial teórico, para apropriação de suas ideias, e no estudo e análise das obras em<br />
questão para elaboração e desenvolvimento das atividades pré-estabelecidas no cronograma de<br />
execução. De forma que, para assimilação das idéias sobre a construção da identidade buscamos,<br />
principalmente, os estudos de Hall (2005) e Bauman (2005). Estes autores tratam a identidade como<br />
um elemento não fixo, fluído e inconstante, e por isso a dificuldade em mantê-la por muito tempo.<br />
Pois, ela, a identidade, está sempre evoluindo e se transformando de acordo com as alternâncias e<br />
valores que se aplicam na sociedade.<br />
Assim, Hall (2005) justifica e defende a utilização de termos não fixos para a<br />
caracterização da identidade como um todo acabado:<br />
Assim, em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de<br />
identificação, e vê-la como um processo em andamento. A identidade surge não tanto da<br />
plenitude da identidade que já está dentro de nós como indivíduos, mas de uma falta de<br />
inteireza que é “preenchida” a partir de nosso exterior, pelas formas através das quais nós<br />
imaginamos ser vistos por outros. (HALL, 2005, p. 39).<br />
Corroborando com a ideia de Hall e acrescentando outros pontos Bauman (2005)<br />
destaca a fugacidade e rapidez com que as coisas mudam na sociedade moderna, e aponta sua<br />
dinamicidade como uma das causas que motivam a fragilidade das construções identitárias. E por<br />
isso, ele defende que o sujeito exibe em determinados momentos uma identificação e não uma<br />
identidade como um todo acabada. Assim, ele acrescenta: “Resumindo, „identificar-se com...‟<br />
significa dar abrigo a um destino desconhecido que não se pode influenciar, muito menos controlar.<br />
Assim, talvez seja mais prudente portar identidades [...] como um manto leve pronto a ser despido a<br />
qualquer momento.” (BAUMAN, 2005, p. 36-37). Com isso, Bauman reafirma a instabilidade<br />
apresentada pela identidade.<br />
Já nosso embasamento sobre a representação do feminino ficou por conta de Lucena<br />
(2003), Costa (2005), Falci (2008) dentre outros. Através dessas autoras, principalmente nas obras<br />
“O mito feminino: de Marília a Capitu” (COSTA, 2005), “Representações do feminino” (LUCENA,<br />
2003) e do capítulo “Mulheres do sertão nordestino” (FALCI, 2008) tomamos conhecimento do<br />
trajeto marcante percorrido pela mulher ao longo do tempo e encontramos significativas<br />
contribuições para nosso aprofundamento sobre a condição da mulher na sociedade, sua<br />
participação e representação social desde os tempos mitológicos. Que, aliás, foi quando a mulher<br />
começou a ganhar participação no imaginário masculino, a aparecer e se sobressair da condição<br />
submissa em que vivia. E com estes trabalhos pudemos conhecer as transformações e evoluções<br />
alcançadas pela mulher ao longo da história da humanidade.<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3