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Anais VII SIC - UERN

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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1118<br />

ASPECTOS DA MALANDRAGEM NO CONTO MENINÃO DO CAIXOTE<br />

Auriclécia de Souza Ferreira 1 ; Manoel Freire Rodrigues 2<br />

RESUMO Esta pesquisa tem por objeto de investigação a obra do escritor João Antônio, especificamente o livro<br />

de contos Malagueta, Perus e Bacanaço, publicado pela primeira vez em 1963. A investigação consistiu na<br />

leitura dos contos, seguida da análise dos personagens nas diversas situações narrativas em que se configura o<br />

drama vivido por indivíduos que habitam o universo degradado das periferias da capital paulistana, em que<br />

prevalece a “ética da malandragem”, feita da malícia e da astúcia de indivíduos marginalizados que buscam na<br />

transgressão as estratégias de sobrevivência. Neste artigo discutimos o tema da malandragem especificamente no<br />

conto Meninão do caixote. O estudo nos fez perceber que no universo da ficção de João Antônio a ética perversa<br />

da exploração reproduz no mundo dos excluídos os valores da sociedade capitalista, em que alguns poucos que<br />

possuem os meios ditam e dominam as “regras do jogo”. Como na sociedade burguesa, no espaço marginal em<br />

que circulam as personagens de João Antônio a vida é regida e vencida pelos que possuem o capital, que neste<br />

caso consiste na esperteza e na astúcia de quem precisa reinventar a vida a cada dia, ou seja, dos que possuem as<br />

artes da malandragem e delas se utilizam como estratégias de sobrevivência.<br />

Palavras-chave: João Antônio, literatura brasileira, malandragem.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Ao longo de sua história, a literatura brasileira teve poucos escritores que se<br />

arriscassem a escrever sobre o que circula nos espaços marginalizados da sociedade, e<br />

consequentemente sobre os personagens que vivem nesses ambientes, como o boêmio, o<br />

jogador de sinuca, os viciados, a prostituta, entre outros indivíduos que em geral habitam o<br />

submundo da malandragem. Embora a presença do pobre marginalizado no romance<br />

brasileiro não seja tão recente, como demonstra o estudo de José Paulo Paes (1990), é só a<br />

partir de certo momento que o oprimido entra nas páginas da ficção brasileira na condição de<br />

protagonista, como já se fizera na obra de Lima Barreto no início do século XX, e na de<br />

Marques Rebelo, um pouco depois. Mas, é sobretudo nos contos do escritor João Antônio,<br />

entre as décadas de 1960 e 1980, que os indivíduos marginalizados, particularmente aqueles<br />

que habitam as periferias das grandes cidades, entram nas páginas da ficção não só como<br />

protagonistas, mas como narradores do seu próprio drama, apresentando assim uma visão do<br />

mundo dos excluídos muito mais autêntica, pois contada de dentro, pelo próprio sujeito que<br />

vive a experiência da exclusão social, como sugere Candido (1999).<br />

Este trabalho está vinculado ao projeto intitulado As figurações malandragem na<br />

obra de João Antônio, pesquisa de iniciação científica realizada entre 08/2010 e 07/2011, cujo<br />

objeto de investigação é a obra do escritor João Antônio, especificamente o livro de contos<br />

Malagueta, Perus e Bacanaço, publicado pela primeira vez em 1963. A investigação consistiu<br />

na leitura exaustiva dos contos, seguida da análise dos personagens nas diversas situações<br />

narrativas em que se configura o drama vivido por indivíduos que habitam o universo<br />

degradado das periferias da capital paulistana, em que prevalece a “ética da malandragem”,<br />

1 Discente do curso de Letras (Português) CAMEAM/<strong>UERN</strong>, Campus de Pau dos Ferros. E-mail:<br />

auricleciasouza@hotmail.com<br />

2 Doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas, docente do Departamento de<br />

Letras CAMEAM/<strong>UERN</strong>. E-mail: manoelfreire@uern.br, manoelfrr@gmail.com<br />

ISBN: 978-85-7621-031-3

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