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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1126<br />
<strong>VII</strong> Salão de Iniciação Científica da <strong>UERN</strong> de 17 a 18 de outubro de 2011<br />
no Brasil, certamente trará uma melhor compreensão acerca desse fenômeno, de modo, a<br />
produzir materiais didáticos mais objetivos para o ensino dessa língua. De acordo com a<br />
visão de Sproviero (1997), a voz média é uma categoria verbal existente das línguas<br />
clássicas indo-européias. Constata-se que a construção era colocada como um meio termo<br />
entre dois focos, ativo e passivo, evidenciando, que este tipo de voz já era considerado<br />
como “uma flexão da linguagem” que, desde então, começara a perder sua existência. A<br />
partir do Latim, verificamos que passou a ser desconsiderada a sua terminologia e,<br />
especificamente, na língua materna atual, há um não reconhecimento quanto a sua<br />
classificação. Embora a maioria das gramáticas tradicionais não reconheça sua existência,<br />
nossos estudos revelaram a sua existência no português. Isso nos levou a investigar a<br />
estrutura desta construção denominada de construção medial. Kemmer (1993; 2003) fez<br />
um estudo bem aprofundado sobre o assunto. Nele, a autora afirma ser os verbos de ações<br />
corporais uma marca da medialidade. Entretanto, seus resultados são baseados em<br />
amostras do inglês, logo, não são confiáveis para estabelecer conclusões em língua<br />
portuguesa. Foi, por isso, necessária uma investigação com dados reais nesse idioma.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
O estudo foi desenvolvido de acordo com as etapas planejadas. Assim, inicialmente<br />
foram realizadas leituras de textos que abordassem os pressupostos teóricos da<br />
Linguística Funcional contemporânea, representada, sobretudo, por Heine (1997), Givón<br />
(2001), Hopper e Thompson (1980) entre outros. Segundo a orientação teórica adotada, a<br />
língua é uma estrutura relativamente maleável, suscetível a variação e a mudança<br />
decorrentes das demandas semântico-cognitivas e discursivo-pragmáticas a que está sujeita<br />
(GIVÓN, 2001, p. 6). Na etapa seguinte, empreendemos uma revisão bibliográfica da<br />
literatura disponível sobre a voz média. Nessa ocasião, aproveitamos para revisitar alguns<br />
autores, rever posições teóricas e buscar novas pesquisas que servissem de suporte<br />
epistemológico e lançassem maior claridade sobre esse tema. Em seguida, passamos à<br />
coleta de todos os dados relacionados ao uso da diátese medial, procedendo uma varredura<br />
no corpus. Posteriormente, dedicamo-nos à investigação dos dados à luz do referencial<br />
adotado.<br />
No que se refere à voz média, alguns estudos têm sido levantados, com o intuito de<br />
traçar uma definição mais consistente para o seu tratamento. Porém esses conceitos tem<br />
sido insatisfatórios para seu entendimento, pois há visões bastante divergentes, às vezes até<br />
num mesmo autor. Em nossa pesquisa, fizemos a revisão bibliográfica de alguns autores<br />
que reconhecem a categoria medial, que não a reconhecem e aqueles que a definem de<br />
forma incompleta, como subordinada à outra categoria.<br />
Entre os autores que trataram da categoria medial em português, destacam-se<br />
gramáticos pré-NGB e pós-NGB, além de linguístas estruturalistas, gerativistas e<br />
funcionalistas. Em nossa pesquisa observamos a definição de voz média apontada por<br />
alguns autores da pós-NBG, a saber: Bechara (2003), que divide as vozes em ativa, passiva<br />
e média; já Cunha e Cintra (2001) apresentam a ativa, a passiva e a reflexiva, e igmora a<br />
categoria medial. Há ainda autores que classificam apenas dois tipos de vozes(ativa e<br />
medial), a exemplo de Rocha Lima (1999). Verificamos também a preocupação de alguns<br />
linguistas, como Camacho (2003), Lima (2003), Perini (2008) e Duarte (2005), acerca da<br />
questão, mas não apontam respostas que preencham essa lacuna na língua portuguesa.<br />
A noção de transitividade sinaliza um fenômeno contínuo, escalar, não categórico e<br />
gradual (HOPPER; THOMPSON, 1980) que se refere “à transferência de uma atividade de<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3