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Anais VII SIC - UERN

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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1180<br />

metafísico doyliano é criado a partir da crítica aos romances policiais de pura detecção com a<br />

finalidade de posteriormente investigar como o Sherlock Holmes é apresentado nos romances<br />

policiais de Hardwick.<br />

MATERIAL E MÉTODO:<br />

Esta pesquisa foi realizada tendo como corpus os romances policiais pós-modernos The<br />

Private Life of Sherlock Holmes (1971), The Revenge of the Hound (1987) and Prisoner of the Devil<br />

(1990), de Michael Hardwick, que têm o Sherlock Holmes doyliano como detetive. Além disso,<br />

também realizamos leituras de romances e contos de Conan Doyle com Holmes como personagem<br />

principal evidenciado ao longo das narrativas.<br />

Nossa análise é fundamentada em autores que lidam com o romance policial tradicional<br />

(ECO e SEBEOK (1991), DAVIES (1998), REIMÃO (1983), BOILEAU e NARCEJAC (1999) e<br />

HELLER (2008)), com a poética pós-moderna (HUTCHEON (1984, 1989, 1991, 1994) e<br />

JAMESON (1996)), questionamento das metanarrativas (LYOTARD (1986)) e o questionamento<br />

do sujeito moderno (FOUCAULT (2004, 2007), LACAN (1998), FINK (1988) e HALL (1998)).<br />

Tal fundamentação teórica foi realizada exclusivamente com o objetivo de dar respaldo para a<br />

constituição do personagem Sherlock Holmes nos romances pós-modernos de Michael Hardwick.<br />

Já o levantamento das diversas passagens dos romances que constituem o corpus da<br />

pesquisa foi realizado a partir da observação do tradicional detetive metafísico doyliano posto em<br />

situações que desconcertam a sua capacidade excepcionalmente dedutiva. Vale a pena salientar que,<br />

nessa etapa da pesquisa, comparamos o Sherlock Holmes friamente calculista em um mundo<br />

mecânico e idealizado por Doyle com um detetive mais humano e defectível no mundo moderno e<br />

imprevisível criado por Hardwick. Em outras palavras, os romances doylianos enfatizam um<br />

detetive ideal positivista e perfeccionista na solução de casos criminais, enquanto em Michael<br />

Hardwick, Holmes se apresenta como um ser comum sujeito a falhas e as emoções humanas.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO:<br />

Sob a influência dos ideais positivistas da época e com os avanços da modernidade<br />

industrial, da modernização do que passou a ser conhecida como força policial e das características<br />

da sociedade urbana inglesa do fim do século XIX e início do século XX, Conan Doyle criou uma<br />

maneira singular de constituição de romances de ficção, o conhecido romance policial de pura<br />

detecção doyliano. Dentre outras características peculiares, o romance policial de Sir Arthur Conan<br />

Doyle é uma narrativa policial de detetive ou romance de enigma cujo enredo tem sempre como<br />

ponto de partida uma dada situação enigmática que deixa os agentes da Scotland Yard<br />

embaraçados, finalizando-se com o esclarecimento do enigma, conseqüentemente, a narrativa tem<br />

seu desfecho com o detetive explicando a Watson toda a cadeia de raciocínio que o levou a solução<br />

do crime (REIMÃO, 1983).<br />

Para que se pudesse criar um personagem com faculdades mentais tão elevadas, ele<br />

precisaria estar intimamente ligado a realidade em que se encontra e estar sempre acima das<br />

emoções humanas. Teria que ser pura racionalidade e não ficar ao acaso dos fatos. Assim sendo, o<br />

inesperado não seria de todo imprevisto, uma vez que a mente dedutiva pré-visualizaria os<br />

fenômenos futuros. Dessa maneira, tal personagem teria de ser um sujeito atrelado a uma espécie de<br />

sistema panóptico muito semelhante a aquele apresentado por Foucault em Vigiar e Punir (2004).<br />

Tais influências na constituição do detetive doyliano vêm do movimento filosófico da época<br />

conhecido como Positivismo, cujos adeptos acreditavam que a mente humana era capaz de<br />

manipular os fatos da realidade na busca pelo saber, desenvolvendo meios de solucionar problemas<br />

diários através da observação e dedução de fatos em si.<br />

ISBN: 978-85-7621-031-3

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