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Mariangela de Oliveira Gomes Setti - Programa de Pós-Graduação ...

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exemplificam esse fato. Por exemplo, o resultado da divisão <strong>de</strong> qualquer número real pela<br />

meta<strong>de</strong> é sempre possível; o quociente é um número real. Isso po<strong>de</strong> ser feito teoricamente<br />

quantas vezes se queira, mas existe um momento em que simplesmente não é factível efetuar as<br />

divisões. Um ser humano para automaticamente os cálculos quando não tem condições <strong>de</strong><br />

continuar dividindo; já um computador precisa ser instruído sobre a precisão do cálculo que<br />

<strong>de</strong>ve executar.<br />

Nenhum agente computacional conhecido é capaz <strong>de</strong> calcular todas as imagens <strong>de</strong> uma<br />

função contínua, por exemplo f(x) = x 2 , em um <strong>de</strong>terminado intervalo, pois a função escolhida<br />

tem imagem para qualquer número real. Existiria um número infinito <strong>de</strong> cálculos, o que<br />

obrigaria um ser humano ou uma máquina a trabalhar continuamente, por tempo in<strong>de</strong>terminado.<br />

Os gráficos da função mencionada no parágrafo anterior, e <strong>de</strong> outras funções que<br />

aparecem na tela do computador, são feitos utilizando cálculos aproximados e os pontos da<br />

curva são associados a um conjunto finito <strong>de</strong> pontos da tela. Em resumo, quando se usam<br />

computadores para trabalhar com funções contínuas e métodos associados a elas, que admitem<br />

muitos resultados pertinentes à matemática contínua, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associar alguma<br />

aproximação discreta a eles, pois a matemática do computador é <strong>de</strong>ssa natureza.<br />

Essa aproximação não se dá <strong>de</strong> forma natural. Para analisar as dificulda<strong>de</strong>s inerentes a<br />

esse processo, voltamos à questão da abstração, da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alteração da forma <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r um conhecimento, para que seja possível transformá-lo. Essas questões nos<br />

remetem ao conceito <strong>de</strong> obstáculo epistemológico, que será discutido a seguir.<br />

4.2 – Questões Didáticas e Epistemológicas<br />

Com base no <strong>de</strong>senvolvimento histórico do conceito <strong>de</strong> algoritmo, tanto no campo da<br />

Matemática, quanto no campo da Informática, e nos pressupostos <strong>de</strong>ste trabalho, consi<strong>de</strong>ramos<br />

que nosso objeto <strong>de</strong> investigação está ligado à forma <strong>de</strong> pensar sobre a solução <strong>de</strong> um<br />

problema e não sobre o próprio problema. O que nos levou a buscar na Educação Matemática<br />

os conceitos <strong>de</strong> ‘obstáculo’ e ‘ruptura’, em particular aqueles <strong>de</strong> caráter epistemológico.<br />

Observamos que, para elaborar um algoritmo que resolva um problema dado, o<br />

conhecimento matemático estabelecido irá sofrer uma “ruptura epistemológica”, pois a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discretização traduzida em formas <strong>de</strong> raciocínio envolvendo processos<br />

iterativos, por exemplo, assim o requer. Essa ruptura está ligada a certos obstáculos

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