Mariangela de Oliveira Gomes Setti - Programa de Pós-Graduação ...
Mariangela de Oliveira Gomes Setti - Programa de Pós-Graduação ...
Mariangela de Oliveira Gomes Setti - Programa de Pós-Graduação ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
40<br />
pensamento, que ameaçam a estabilida<strong>de</strong> intelectual <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>tém esse conhecimento.<br />
Com relação à aprendizagem <strong>de</strong> algoritmos, po<strong>de</strong>mos comparar o conhecimento da<br />
matemática elementar, referente à educação básica e nível médio, ao conhecimento précientífico,<br />
citado por Bachelard. Este resiste face às exigências <strong>de</strong> mudança que o pensamento<br />
computacional nos traz, como, por exemplo as ligadas à discretização.<br />
A introdução da noção <strong>de</strong> obstáculo epistemológico na Didática da Matemática se <strong>de</strong>u<br />
em 1976, na conferência da CIEAEM (Comission internacional pour l’étu<strong>de</strong> et l’amélioration<br />
<strong>de</strong> l’enseignement <strong>de</strong>s mathématiques) em Louvain la Neuve, com a publicação <strong>de</strong> um artigo<br />
<strong>de</strong> Brousseau sobre didática da matemática, abordando tal noção. Nesse artigo, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />
obstáculo epistemológico referia-se a conhecimentos anteriores mal-adaptados, ressaltando a<br />
importância da análise epistemológica para <strong>de</strong>tectar as dificulda<strong>de</strong>s que são realmente<br />
inevitáveis, porque constituem o <strong>de</strong>senvolvimento do conhecimento. Para Brousseau, assim<br />
como para Bachelard, um obstáculo é conhecimento e não a falta <strong>de</strong>le.<br />
Segundo Brousseau (1983, p.170), “um obstáculo <strong>de</strong> origem epistemológica, é<br />
verda<strong>de</strong>iramente constitutivo do conhecimento, é aquele do qual não se po<strong>de</strong> escapar e que se<br />
po<strong>de</strong> em princípio encontrar na história do conceito.” Ele está ligado à resistência do saber<br />
mal-adaptado, e o vê como um meio <strong>de</strong> interpretar alguns erros recorrentes e não aleatórios,<br />
cometidos pelos estudantes, quando lhes são ensinados alguns tópicos da Matemática. É na<br />
análise histórica <strong>de</strong>ssas resistências, e nos <strong>de</strong>bates, que <strong>de</strong>vemos buscar os elementos que<br />
permitam i<strong>de</strong>ntificar os obstáculos, sendo então necessário relacionar este estudo histórico<br />
com o estudo didático.<br />
Assim, <strong>de</strong>ve-se buscar construir situações <strong>de</strong> ensino que permitam superá-los.<br />
O segundo artigo sobre obstáculos epistemológicos no ensino da Matemática, foi<br />
publicado por Glaeser (1981), em que ele i<strong>de</strong>ntifica um conjunto <strong>de</strong> obstáculos no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da noção <strong>de</strong> números negativos. Entretanto, este artigo foi bastante criticado<br />
por Brousseau em 1983, levantando uma série <strong>de</strong> perguntas não consi<strong>de</strong>radas por Glaeser, que<br />
ele acreditava <strong>de</strong>veriam ter sido feitas para que as dificulda<strong>de</strong>s encontradas pu<strong>de</strong>ssem ser<br />
classificadas como obstáculos epistemológicos.<br />
Segundo Artigüe (1990), Glaeser utilizou os termos ‘obstáculo’, ‘dificulda<strong>de</strong>’,<br />
‘barreira’ e ‘sintoma’ <strong>de</strong> maneira ingênua, por estar convencido <strong>de</strong> que era prematuro fechar<br />
estes conceitos em formulações muito rígidas. Para ele, um dos objetivos mais importantes da