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ir até ele, na frente de Hana, e beijá-lo.<br />
Mas Hana destrói esse impulso bem rapidamente. Ela se vira para mim, cruza os braços e me lança<br />
um olhar que posso jurar que ela roubou da Sra. McIntosh, a diretora do St. Anne.<br />
— Lena Ella Haloway Tiddle — diz ela. — Você tem algumas explicações para me dar.<br />
— Seu nome do meio é Ella? — solta Alex.<br />
Hana e eu lançamos olhares mortais para ele, que dá um passo para trás e abaixa a cabeça.<br />
— Hum... — As palavras ainda não surgem com facilidade. — Hana, você se lembra de Alex.<br />
Ela mantém os braços cruzados e estreita os olhos.<br />
— Ah, eu me lembro de Alex. O que não lembro é por que Alex está aqui.<br />
— Ele... Bem, ele ia entregar... — Continuo procurando uma explicação convincente, mas, como<br />
sempre, meu cérebro escolhe aquele segundo para desligar. Olho, impotente, para Alex.<br />
Ele dá de ombros discretamente, e por um segundo apenas nos encaramos. Ainda não estou<br />
acostumada a vê-lo, a estar perto dele, e de novo tenho a sensação de me perder em seus olhos. Mas,<br />
dessa vez, não sinto tonteira. É o oposto — firmeza, como se ele sussurrasse sem usar palavras, dizendo<br />
que está ali, está comigo e que está tudo bem.<br />
— Conte a ela — diz ele.<br />
Hana se apoia nas prateleiras cheias de pacotes de papel higiênico e latas de feijão, relaxando o braço<br />
apenas o bastante para que eu saiba que ela não está irritada, e me lança um olhar como se dissesse: É<br />
bom me contar.<br />
Então eu falo. Não sei quanto tempo teremos até Jed se cansar de cuidar do caixa, então tento ser<br />
breve. Falo sobre ter encontrado Alex em Roaring Brook e sobre nadar com ele até as boias na praia em<br />
East End e o que ele me disse quando estávamos no mar. Engasgo um pouquinho na palavra Inválido, e<br />
os olhos de Hana se arregalam — só por um segundo, vejo uma expressão de alarme em seu rosto —,<br />
mas ela se controla muito bem. Concluo falando de ontem à noite, de ter saído para encontrá-la e alertar<br />
quanto à batida, do cachorro, e de Alex ter me salvado. Quando descrevo o esconderijo no abrigo, fico<br />
nervosa de novo — não falo dos beijos, mas não consigo deixar de pensar neles —, mas Hana está<br />
boquiaberta outra vez, e obviamente chocada, então acho que não percebe.<br />
Sua única resposta ao fim da história é:<br />
— Então você esteve lá? Foi até lá ontem à noite?<br />
Sua voz está estranha e trêmula, e temo que ela recomece a chorar. Ao mesmo tempo, sinto uma<br />
enorme onda de alívio. Ela não vai ter um ataque em relação a Alex ou ficar com raiva por eu não ter<br />
contado antes.<br />
Confirmo com a cabeça.<br />
Ela balança a cabeça, encarando-me como se nunca tivesse me visto antes.<br />
— Não posso acreditar. Não posso acreditar que saiu durante uma batida... Por mim.<br />
— É, bem... — Mexo-me pouco à vontade. Parece que estou falando há horas e que Hana e Alex me<br />
encararam o tempo todo. Minhas bochechas estão ardendo.<br />
Nesse instante, ouço uma batida alta à porta que dá para a loja, e Jed me chama:<br />
— Lena? Você está aí?<br />
Gesticulo freneticamente para Alex. Hana o empurra para trás da porta no mesmo instante em que<br />
Jed começa a empurrá-la pelo outro lado. Ele consegue abri-la apenas alguns centímetros antes que ela<br />
bata no engradado dos potes de geleia de maçã.<br />
Naqueles poucos centímetros, posso ver um dos olhos de Jed piscando para mim, em tom de<br />
reprovação.<br />
— O que está fazendo aí?<br />
Hana aparece e acena.<br />
— Oi, Jed — diz ela, alegre, mais uma vez entrando sem qualquer esforço no modo alegria em