UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz
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oprimidos, estes sim, poderão se exercitar, treinar ações, realizar atos na vida<br />
imaginária de uma sessão de fórum; em seguida, auto–ativados, inevitavelmente<br />
extrapolarão esta nova energia para sua vida real, já que participam desses dois<br />
mundos. Nota ser preciso observar e insistir sobre um ponto fundamental: o oprimido<br />
se exerce como sujeito nos dois mundos. Mostra que no combate contra opressões<br />
que existem no mundo imaginário, ele se exercita e se fortalece para o combate<br />
posterior que travará contra as suas opressões reais, e não apenas contra as<br />
imagens reais dessas opressões. Boal (2006, p.347) ensina que por isso é<br />
necessário que o espectador se transforme em protagonista no combate estético<br />
que prepara o combate real, sendo necessária a atitude maiêutica 5 do curinga.<br />
Informa que este deve estimular os espect–atores a desenvolver suas próprias<br />
idéias, a produzir as suas próprias estratégias e a contar com as suas próprias<br />
forças na tarefa de se libertar de suas próprias opressões. Sugere que, na verdade,<br />
uma sessão de Teatro do Oprimido não deve terminar nunca, porque tudo o que<br />
nela acontece deve ser extrapolado na própria vida. Revela que o Teatro do<br />
Oprimido está no limite entre a ficção e a realidade: é preciso ultrapassar esse limite,<br />
e que se o espetáculo começa na ficção, o objetivo é se integrar na realidade, na<br />
vida.<br />
Stanislavski (1986, p. 273) no artigo: Para uma ética do teatro, aconselha que,<br />
se o teatro não puder enobrecer–nos, transformar–nos em pessoas melhores,<br />
devemos fugir dele, abandoná–lo. Somos um coletivo. Estamos todos no mundo<br />
para buscarmos aperfeiçoamento. Precisamos identificar nossas opressões<br />
igualmente como todo mundo. Mas um ator, uma pessoa que vá trabalhar com uma<br />
metodologia do Teatro do Oprimido, não pode se permitir viver sob a opressão de<br />
quem quer que seja. Ou pelo menos não se conformar viver sob esta opressão.<br />
Reagir a ela, como no coletivo se aprende, se ensina e participa. Porque sem<br />
coerência não há verdade, e sem verdade não há transformação, não há revolução<br />
alguma que se faça. Acreditamos que para trabalhar coletivamente as opressões<br />
com as pessoas, há que se auto trabalhar e não acomodar nossas próprias<br />
opressões.<br />
5 Processo dialético e pedagógico socrático em que se multiplicam as perguntas a fim de obter, por indução dos<br />
casos particulares e concretos, um conceito geral do objeto em questão<br />
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