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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz

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2.3 Fragmentação e integralidade do Ser na Promoção da Saúde:<br />

a polifarmácia de Galeno para o corpo doente e o medicamento único<br />

de Hahnemann para o equilíbrio do composto substancial.<br />

Compreendemos ser fundamental o conceito que temos de ser humano para<br />

abordarmos a Poética da Promoção da Saúde. Vimos que Hipócrates reconhece<br />

que as naturezas dos homens diferem qualitativamente e que, portanto, os efeitos<br />

produzidos nelas têm de ser necessariamente distintos. Ao abordar as enfermidades<br />

possuía a compreensão de um organismo com vitalidade e sabedoria próprias,<br />

dando importância na Promoção da Saúde aos cuidados do corpo e do espírito, à<br />

integralidade do ser. O Mestre de Cós nos legou o conceito de vis medicatrix<br />

naturae, onde a natureza protegendo planos hierárquicos mais profundos do Ser, faz<br />

com que o organismo busque por si mesmo, a melhor e menos prejudicial maneira<br />

de se reequilibrar. Hipócrates também praticou e ensinou a tratar as enfermidades<br />

do ser humano pela lei dos semelhantes, similia similibus curantur, o semelhante<br />

cura o semelhante. Infelizmente esses princípios tão caros ao “pai da medicina” vão<br />

desaparecendo e uma postura mais intervencionista surge a partir da primeira<br />

metade do século segundo da era cristã.<br />

Cláudio Galeno(130–201 d.C.), considerado por Oliveira (apud Scofano,<br />

p.64), o pai da farmacologia, ao abordar as enfermidades entendia o organismo<br />

somente como um corpo. A fragmentação do ser. Na sua visão, esse corpo, quando<br />

doente, necessitava, então, da aplicação de uma poli farmácia, e uma dessas<br />

drogas o curaria. Esta passagem nos remete à percepção de um de nossos<br />

entrevistados, que diz:<br />

“[...] Ele tem que saber que ele tem uma doença, e que ele vai tomar um<br />

remédio para essa doença, que entre aspas vai ou não resolver alguma coisa. Então<br />

a pessoa fica na completa escuridão [...]” (Entrevistado nº14).<br />

O uso dos fármacos por Galeno obedecia ao tratamento pelos contrários<br />

(Contrarius, contraris), modo que se sofisticou através dos séculos e nos dias atuais<br />

conta com o estímulo de toda uma indústria e mídia voltada para a propaganda dos<br />

medicamentos entre os profissionais da saúde e para a auto–medicação e consumo<br />

de medicamentos por toda população.<br />

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