UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz
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Na entrevista que concedeu após assistir uma prática da Ação–Interdisciplinar<br />
Teatro Dentro da Vida, intitulada ‘Dengue 40º – Uma fábula sobre a dengue com o<br />
olhar da Promoção da Saúde, o entrevistado nº28 revela pensamento semelhante ao<br />
autor grego acima citado:<br />
Eu achei super importante a linguagem teatral na Promoção da Saúde<br />
porque no teatro dá para vivenciar o que acontece na comunidade. Vocês<br />
demonstram o que realmente acontece, tanto no caso da dengue, eles<br />
colocam isso na comunidade, então vocês fizeram como se estivessem<br />
vivenciando àquela realidade do dia–a–dia, e mostrando através do teatro a<br />
prevenção, a promoção em saúde, como evitar a propagação da dengue,<br />
sinais e sintomas da dengue, o que fazer... Isso é muito importante, é se<br />
colocar no lugar daquelas pessoas que convivem na comunidade. Eu creio<br />
que quando você se coloca no lugar das pessoas, fica mais fácil para as<br />
pessoas entenderem a educação, a saúde, a Promoção da Saúde, porque é<br />
assim, se as pessoas colocam–se distantes, você por exemplo, médico ou<br />
enfermeiro vão falar numa palestra, numa sala de espera, você geralmente<br />
não se coloca no lugar daquelas pessoas, você não está passando o dia–a–<br />
dia daquelas pessoas; no teatro não, você vivencia o dia–a–dia daquelas<br />
pessoas, se as pessoas jogam lixo no chão, vocês estão fazendo a mesma<br />
coisa; se a pessoa tem uma pessoa doente, vocês também estão<br />
colocando a pessoa doente e orientando o que fazer com àquela pessoa,<br />
através de um vizinho, é o que acontece na comunidade, diferente do<br />
profissional estar falando, porque aí o profissional é como se fosse uma<br />
pessoa de fora. Eu acho assim, para o teatro, nessa forma de se colocar no<br />
lugar daquela pessoa da comunidade, é a melhor forma de introjetar o<br />
aprendizado. Porque as pessoas estão fazendo aquilo que acontece no dia–<br />
a–dia da comunidade.<br />
Jaeger (1995, p. 1034) assinala que a Medicina dos séculos V e IV a. C traz<br />
para o grande processo espiritual da formação do homem helênico uma contribuição<br />
direta: a doutrina referente à conservação da saúde do Homem, e que é esta a<br />
verdadeira criação do espírito hipocrático em matéria de educação, e confirma que o<br />
conceito de natureza é um conceito onipresente no pensamento dos médicos<br />
gregos, que concebiam a ação do que chamavam physis em nunca separar a parte<br />
do todo, mas sempre a encarando nas suas relações de interdependência com o<br />
conjunto. Alerta que é especialmente nas doenças que na ação da natureza se<br />
revela a adequação a um fim, e que não é em intervir contra a natureza que consiste<br />
a função do médico no tratamento dos doentes; chama nossa atenção de que os<br />
sintomas da doença, e sobretudo a febre, representam já de si o início do processo<br />
de restabelecimento do estado normal, sendo que a este é o próprio organismo que<br />
se encarrega de o encaminhar; e o médico limita–se a averiguar onde pode intervir<br />
para ajudar o processo natural encaminhando à cura. Destaca em aspas o supremo<br />
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