UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz
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cultura não significa erudição, é um modo de viver em comunidade, como cada<br />
grupo escolhe viver em comunidade.<br />
Duas percepções de nossos entrevistados definem a força da imagem teatral<br />
com uma originalidade ímpar, difícil de ser encontrada nos livros clássicos sobre<br />
teatro. Creio oportuno novamente degustá–las, uma de cada vez. A primeira é o<br />
tema da mola:<br />
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É muito, muito, muito importante mesmo, porque o lúdico, a arte, o brincar<br />
funciona muitas vezes como uma mola que permite a pessoa perceber.<br />
Porque às vezes têm a fala, mas não tem a escuta, então muitos folhetos,<br />
muitas coisas são ditas, e o teatro funciona como mais um instrumento<br />
nessa Promoção da Saúde, e quando a pessoa percebe, vislumbra isso, e<br />
isso pode com certeza ajuda–la a firmar o que ela ouviu em determinado<br />
momento, o que ela leu em outro determinado momento, e quando vê a<br />
coisa acontecendo ali na prática, soma e se dá o aprendizado. Então o<br />
teatro é um instrumento muito rico nessa proposta.<br />
(entrevistado nº26)<br />
A imagem da mola no aprendizado, suscitada pela encenação da peça<br />
Dengue à 40 graus, uma fábula contada com o olhar da Promoção da Saúde, é<br />
muito, muito, muito rica mesmo. E é uma mola, é um brinquedo, é lúdico. E permite<br />
realmente a pessoa perceber.<br />
A segunda percepção é o tema do teatro é uma forma de ver:<br />
O teatro é uma coisa interessante para a pessoa assimilar e ver, aprender<br />
com o teatro que é uma coisa, como na televisão, nos jornais falam, mas a<br />
pessoa não sabe como é que é realmente. O teatro é uma forma de ver,<br />
mostrou como é que é o mosquito, como é que é o lixo, como é que é o<br />
pneu, como são as coisas, não é? Eu acho interessante.<br />
(entrevistado nº 21)<br />
É essa força imagética , essa consciência que a imagem poética desperta<br />
como nos ensina Bachelard (1996, p.1) que segundo os princípios da fenomenologia<br />
da imaginação criadora, tratava–se de trazer à plena luz a tomada de consciência de<br />
um sujeito maravilhado pelas imagens poéticas, que o teatro faz com que o lixo<br />
habitual do dia-a-dia, o pneu tão comum e desinteressante, próprio do habitat natural<br />
de uma comunidade, ali, na cena, se transforme em um lixo poético, em pneu<br />
poético, uma imagem poética, uma forma de ver, pela força que tem a imagem