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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - Fiocruz

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entendimentos do mundo no qual vivemos. E assegura que nesta realidade<br />

transfigurada, seguimos sendo o que éramos e ao mesmo tempo chegamos a ser<br />

diferentes, e que nos vemos sob uma luz melhor, mais nobre, mais luminosa.<br />

Evreinov (1930, p.40) mostra que tão logo o homem começa a teatralizar,<br />

sua vida adquire um novo sentido: se transforma em sua vida algo que ele mesmo<br />

criou; transforma–a em uma vida diferente, deixa de ser seu escravo para<br />

transformar–se em seu amo. E filosofa qual Santo Tomás de Aquino, perguntando:<br />

Quem outorgou ao papagaio a sua plumagem? Para a seguir responder: a natureza.<br />

Observa, porém, que o homem, essa criatura forte, orgulhosa e bela, não depende<br />

da natureza. Lembra que este pode se assim desejar, procurar sua própria<br />

plumagem. Cremos que, querendo dizer que o homem ao se utilizar da teatralidade<br />

pode assumir seu próprio comando, seu próprio destino: sua autonomia. A<br />

teatralidade desconstruindo amarras pode proporcionar a conquista da autonomia<br />

desejada. A teatralidade como amplificadora de sensibilidades na comunidade,<br />

revelando ser possível novas realidades.<br />

Para Nicolás Evreinov ( Op. cit. p. 50) a essência do teatro é a criação de uma<br />

realidade nova. Lembra–nos que não somos selvagens, nem crianças, e que o jogo<br />

ao qual nos entregamos diariamente difere naturalmente do jogo que se pode<br />

observar na caverna ou no aposento da criança. Assegura, porém, que a essência<br />

continua a mesma. Não perfuramos as narinas com fragmentos de ossos, porém<br />

isso não impede que paguemos nosso tributo ao instinto teatral em cada momento<br />

de nossa vida.<br />

A constatação desse instinto teatral é observada com os não–atores da<br />

ação–interdisciplinar Teatro Dentro da Vida, quando surpreendem ao entrar em cena<br />

e terem consciência da encenação mesmo com poucos ensaios. Estas pessoas<br />

atuam e compartilham com quem assiste a magia do evento teatral através de seus<br />

ricos universos imaginários, em suas práticas que imagina–a–ação.<br />

O diretor russo (Op. cit. p. 45) citando exemplos de teatros não realistas<br />

hindus e chineses, chama a nossa atenção para o fato de que do começo ao fim,<br />

tudo é, e deve ser convencional no teatro. O que importa é que a imaginação do ator<br />

suscite, estimule o divino instinto teatral das pessoas, que passam a enxergar aquilo<br />

que a imaginação do ator, mesmo com penúria de acessórios, demonstra com<br />

maestria, verdadeiramente existir. Ressalta que é preciso dar, tão somente, um<br />

pretexto, uma alusão para o instinto teatral, e que este, sozinho, cumprirá o resto:<br />

construirá magníficos palácios em papelão, transformará em oceano um pedaço de<br />

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